A CRISTIADA E OS MÁRTIRES DO MÉXICO – PARTE 1 de 4

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.

08/11/2022

A Cristiada – 1926-1931

Onde está a origem do ódio a Deus e aos seus seguidores?

Está em satanás (Ap 12, 17) e em pessoas que ele domina, pessoas que sentem prazer em serem más e em fazer o mal.

Jesus diz:

Todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas”. (Jo 3,20)

Os que odeiam Deus, na realidade odeiam a si mesmos. 

A Sagrada Escritura afirma:

Quem me ofende, prejudica-se a si mesmo; quem me odeia, ama a morte”. (Pr 8,36)

O ódio a Deus produziu muitos mártires na terra.

Meditemos sobre o que o ódio a Deus é capaz de fazer contra quem é seguidor de Jesus Cristo.

Vamos falar dos mártires mexicanos, mas tenhamos em nosso entendimento humano e espiritual, que o século XX produziu muitos mártires na Igreja Católica.

Tenhamos em nosso raciocínio oracional que os mártires não existiram apenas no início da Igreja; que todas as gerações, inclusive a geração atual, está tendo seus mártires.

Lembremos dos mártires espanhóis, dos anos 1936-1939. Eles foram originários de várias cidades da Espanha, entre elas:

  • Barcelona
  • Burgos
  • Madri
  • Mérida
  • Oviedo
  • Sevilha
  • Toledo
  • Albacete
  • Cartagena
  • Cidade Real
  • Cuenca
  • Gerona
  • Xaém
  • Málaga 
  • e Santander.

O livro de Antônio Montero, em La história de la persecución religiosa en España (BAC 204, 1982, pp. XIII-XIV), diz que:

Em toda a história da Igreja universal não há um único precedente, nem sequer nas perseguições romanas, do sacrifício sangrento, em pouco mais de um semestre, de:
– doze bispos,
– quatro mil sacerdotes
– e mais de dois mil religiosos”.

O MUNDO ODEIA JESUS

Jesus Cristo fundou Sua Igreja visível na terra sobre o Apóstolo São Pedro (cf. Mt 16, 18) na paz, mas o mundo odeia Jesus (cf. Jo 15, 18). Por causa desse ódio, o mundo faz guerra a Jesus, perseguindo e tentando matar quem não nega sua fé no Salvador. Por isso, Jesus falou aos Apóstolos Palavras com as quais ele se referia aos seus seguidores de todos os tempos: passado, presente e futuro. 

Disse o Senhor:

Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia”. (Jo 15,19)

Sereis odiados de todos por causa de meu nome, mas aquele que perseverar até o fim será salvo”. (Mt 10,22)

No início da Igreja, os primeiros católicos foram perseguidos e mortos sem se defenderem de seus assassinos. As ruínas do Coliseu em Roma ainda hoje são provas dos inúmeros mártires que morreram amando a Deus e perdoando seus matadores.

Estes católicos, simplesmente por amor a Deus e ao próximo, amavam e perdoavam seus algozes. Porém, na perseguição dos católicos no México, os católicos resolveram amar, perdoar e ao mesmo tempo se defender.

  • Mas é certo se defender?
  • Não é negar a fé em Jesus Cristo?
  • Na guerra, ou se mata ou se é morto. O católico pode matar para defender sua vida, a vida de sua família, e para defender sua Igreja?

P.S. As 4 partes desse artigo ajudarão a responder essas perguntas. As fontes estarão na parte 4.

O SURGIR DA CRISTIADA

PARTE 01

A Cristiada nasceu e se fortaleceu devido à covarde perseguição do governo ateu contra os católicos mexicanos. Depois de se fortalecer e já estar quase obtendo a vitória, satanás consegue colocar seus pensamentos em homens religiosos e civis, para fazer um acordo de paz.

O acordo é feito em nome da paz, pela paz e o bem de todos. Os cristeros depõem as armas, e assim começam os assassinatos dos católicos.

O DIABO SE APOSSA DO PADRE BENITO JUÁREZ

Benito Juárez (1855-1872)

“Logo após a independência do México, já em 1855, desencadeia-se a revolução liberal, com toda a sua virulência anticristã, quando obtém o poder Benito Juárez (1855-72), índio zapoteca de Oaxaca, que aos 11 anos, com a ajuda do terciário carmelita Salanueva, aprende a falar castelhano, e também a ler e escrever, o que lhe permite ingressar no Seminário.

Advogado, mais tarde e político, impõe, obrigado pela loja norte-americana de Nova Orleans, a Constituição de 1857, de orientação liberal, e as Leis de Reforma de 1859, ambas abertamente hostis à Igreja.

Por elas, contra todo o direito natural, estabelecia-se:

  • a nacionalização dos bens eclesiásticos,
  • a supressão das ordens religiosas,
  • a secularização de cemitérios, hospitais e centros beneficentes etc.

Seu governo também deu apoio a uma Igreja mexicana, em precária tentativa de criar, em torno de um pobre padre (infiel a Deus), uma Igreja cismática.

Todos estes atropelos provocaram um levantamento popular católico, semelhante, como assinala Jean Dumont, ao que iria se produzir em nosso século.

Com efeito, “a Cristiada [1926-1931] teve um precedente muito parecido nos anos 1858-1861. Também então a cristandade mexicana sustentou uma luta de três anos contra os Sem-Deus da época, aqueles laicistas da Reforma, também jacobinos, que haviam imposto a liberdade para todos os cultos, exceto o culto católico, submetido:

  • ao controle restritivo do Estado:
  • à venda dos bens da Igreja,
  • à proibição dos votos religiosos,
  • à supressão da Companhia de Jesus e, portanto, de seus colégios,
  • ao juramento de todos os funcionários do Estado em favor destas medidas,
  • à deportação e ao encarceramento dos bispos ou sacerdotes que protestassem.

Pio IX condenou estas medidas, assim como Pio XI expressou sua admiração pelos cristeros”.

Naquela guerra civil, em que houve:

  • “deportação e condenação à morte de sacerdotes,
  • deportação e encarceramento de bispos e de outros religiosos,
  • repressão sangrenta das manifestações de protesto, particularmente numerosas nos estados de Jalisco, Michoacán, Puebla, Tlaxcala” (Hora de Dios en el Nuevo Mundo 246), 

o governo liberal prevaleceu graças à ajuda dos Estados Unidos.

historiador mexicano José Vasconcelos

Estas medidas não evitaram ao Estado um grave colapso financeiro. O historiador mexicano Vasconcelos, também filósofo e político, escreveu: “Juárez e sua Reforma estão condenados por nossa história”.

O período de Juárez viu-se interrompido por um breve período em que, por imposição de Napoleão III, ocupou o poder Maximiliano da Áustria (1864-67), fuzilado em Querétaro pouco mais tarde.

A Juárez o sucedeu no poder, Sebastián Lerdo de Tejada (1872-76). Este, que estudara no Seminário de Puebla, acentuou a perseguição religiosa, chegando a expulsar até “as Irmãs da Caridade — a quem o mesmo Juárez respeitara — apesar de que, das 410 que existiam, 355 eram mexicanas que atendiam a cerca de 15 mil pessoas em seus hospitais, asilos e escolas.

Em contrapartida, favoreceu-se oficialmente a difusão do protestantismo, com apoio norte-americano. No mesmo ano de 1873 se proibiu que existisse qualquer manifestação ou ato religioso católico fora dos templos” (Alvear Acevedo 310). Tudo isto provocou a guerra chamada dos Religioneros (1873-1876), um levantamento armado católico, anterior também aos dos cristeros (Meyer II, 31-43).

General Porfirio Díaz

A longa permanência de Juárez no poder ocasionou, entre os mesmos liberais, uma oposição cada vez mais forte. O general Porfírio Diaz — que era, como Juárez, de Oaxaca, e antigo seminarista – defendendo como lei suprema a não-reeleição do Presidente da República (Plan de la Noria, 1871; Plan de Tuxtepec, 1876), desencadeou uma revolução que o levou ao governo do México durante quase 30 anos: foi reeleito oito vezes, em farsas eleitorais, entre 1877 e 1910.

Porfiriato foi mais “tolerante” com a Igreja. Ainda que deixasse vigentes as leis persecutórias da Reforma, normalmente não as aplicava; mas manteve em seu governo, especialmente na educação preparatória e universitária, o espírito laicista anti-religioso.

AS PERSEGUIÇÕES DE CARRANZA Y OBREGÓN (1916-20, 1920-24)

Os últimos anos do Porfiriato e os seguintes, em meio a contínuas ingerências dos Estados Unidos, registram:

  • numerosas conspirações e sublevações,
  • movimentos indígenas de reivindicação agrária,
  • e guerras marcadas por crueldades atrozes.

A REVOLUÇÃO LIBERAL, que tão duramente perseguia os católicos, ia devorando também, um após o outro, seus próprios filhos: é o horror do “processo histórico do liberalismo capitalista, que durante o século XIX e metade do XX conseguiu apoderar-se das consciências de nossos povos” (Para o capitalismo liberalista, dinheiro é tudo, é o mais importante, é deus).

general Venustiano Carranza

A revolução do general Venustiano Carranza, que o levou à presidência (1916-20), caracterizou-se pela dureza de sua perseguição à Igreja. 

No caminho para o poder, suas tropas multiplicavam:

  • incêndios de templos,
  • roubos e violações,
  • atropelamentos de sacerdotes e religiosas.

Ainda hoje, no México, carrancear significa roubar, e um agressor é um carrancista.

Já no poder, quando os chefes militares se tornavam governadores dos Estados liberados, ditavam contra a Igreja leis tirânicas e absurdas:

  • que houvesse Missa somente aos domingos e com determinadas condições;
  • que não se celebrassem Missas de defuntos;
  • que não se conservasse água para os batismos nas pias batismais,
  • que se desse o batismo com a água que corre das bicas;
  • que se administrasse o sacramento da penitência somente aos moribundos, e, “na ocasião, em voz alta e de frente para um empregado do Governo” (López Beltrán 35).

A orientação anticristã do Estado cristalizou-se finalmente na Constituição de 1917, realizada em Querétaro por um Congresso Constituinte, formado unicamente por representantes carrancistas.

Com efeito, naquela grotesca Constituição, agravando as perseguições já iniciadas com Juárez nas Leis de Reforma, o Estado liberal moderno:

  • estabelecia a educação laica obrigatória (art. 3),
  • proibia os votos e o estabelecimento de ordens religiosas (5), assim como todo ato de culto fora dos templos ou das casas particulares (24),
  • e não apenas perpetuava o confisco de bens da Igreja, mas proibia a existência de colégios de inspiração religiosa, conventos, seminários, bispados e casas curiais (27).

Todas estas e outras muitas barbaridades semelhantes se impunham no México sem que nenhum liberal ortodoxo do Ocidente pestanejasse.

O MILAGRE NA IMAGEM DA VIRGEM DE GUADALUPE

O governo do general Obregón (1920-24), novo presidente, levou adiante o impulso perseguidor da Constituição mexicana:

general Obregón (1920-1924)
  • pôs-se uma bomba em frente ao arcebispado do México;
  • içaram-se bandeiras da revolução bolchevique — o que havia de mais progressista naqueles anos — sobre as catedrais de México e de Morelia;
  • um empregado da secretária do Presidente fez explodir uma bomba ao pé do altar da Virgem de Guadalupe, ocasião em que  a imagem ficou milagrosamente ilesa;
  • foi expulso o Monsenhor Philippi, Delegado Apostólico, por bendizer a primeira pedra posta no Cerro Del Cubilete para o monumento a Cristo Rei…

Continua na PARTE 2, semana que vem.

Oremos!

Deus Pai, Deus filho e Deus Espírito Santo!

Infundi em nossas almas o poderoso e eterno amor, a fé invencível e a confiança inabalável em Vós, para que, se um dia tivermos de provar nosso amor a Vós pela glória do martírio, estejamos cheios de alegria por nos achardes dignos de morrermos por amor a Vós.

Amém.

. . .

Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.

Um comentário em “A CRISTIADA E OS MÁRTIRES DO MÉXICO – PARTE 1 de 4

Escreva seu comentário