Vocação de Jesus

O SENTIMENTO DE JESUS EM RELAÇÃO AO HOMEM ZOMBADOR PREGADO NA CRUZ AO SEU LADO

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.
03/05/2021

Antes de iniciar a leitura dessa meditação, aconselho você a se preparar interiormente através desse método de RECOLHIMENTO DIANTE DE DEUS.
https://vocacaodejesus.com/meditacao/recolhimento-diante-de-deus/

Usaremos a Bíblia e a imaginação para tentarmos ver que sentimento estava em Jesus nesse momento. O uso da imaginação sobre a cena do calvário tem o objetivo de mostrar, não a imaginação, mas a verdade do amor de Jesus por nós, pecadores, por pior que sejamos.

PEDIDO DE LICENÇA PARA CONTAR UM MILAGRE

Antes de entrar na meditação de hoje, gostaria de falar sobre um milagre.

No dia 28/04/2021, na transmissão da reza do Rosário, que realizamos todos os dias às quatro horas da madrugada, repentinamente a energia caiu na casa da Vocação, que ficou toda no escuro. Não tinha energia dentro de casa, mas na sala onde estava o computador que gerencia o aplicativo de transmissão do Rosário, tinha energia.

Era o único local da casa com energia. Olhamos a rua da frente, ela estava no escuro. Com a luz acesa e energia normal na sala, o computador pôde transmitir sem problemas a reza do Rosário. Houve muita emoção. Quando o fato foi contado, todos entendemos o quanto Nossa Senhora quer que se reze o Rosário às quatro da madrugada todos os dias.

P.S.: Caso um dia Nossa Senhora permita que alguma queda de energia chegue a sala do computador e vocês fiquem sem as imagens, não parem de rezar o Rosário, continuem sozinhos, enquanto o problema se resolve.


SOBRE A MEDITAÇÃO

Vamos à nossa meditação de hoje. Usaremos um dom que Deus deu a todos nós, seres humanos; não há quem não tenha esse dom: o dom da imaginação. Usaremos esse dom com o objetivo de dar uma pequena noção da misericórdia de Jesus. Esperamos que quem ler receba de Deus a graça de adquirir um maior conhecimento do mistério da misericórdia de Deus, que é uma realidade concreta em nossas vidas.

A imaginação pode ser usada de modo que, o que se imagina, se tem certeza que é uma imaginação; e também pode ser usada de modo que parece ser verdadeiro o que se imaginou. 

Há quem se pergunte: 
Eu imaginei ou aconteceu? 
Imaginei ou vi e senti? 

É muito importante ter cuidado com a imaginação; ela pode ser usada para o bem ou para o mal. No nosso caso, a usaremos para o bem, meditando sobre três crucificados no calvário. Um deles é Deus, os outros dois são homens.


O SENTIMENTO DE JESUS DIANTE DO HOMEM PECADOR

 “O Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo”

(I Jo 4, 14)

Há quem, escutando ou lendo essa verdade de Deus, pare todos os seus pensamentos e sentimentos exteriores por um momento para ficar meditando nessa grandiosa ação do amor de Deus.
Há quem escuta ou lê, mas permanece sem nada entender e sentir.
Há quem lê, entende, mas permanece indiferente à verdade anunciada e indiferente ao anúncio da verdade.
Na insensibilidade à verdade anunciada, a pessoa fica indiferente à realidade da vida espiritual. Na insensibilidade ao anúncio da verdade, fica-se indiferente à mensagem vinda de Deus.

Se um homem não quer escutar outro homem falando de si mesmo ou de outros seres humanos, isso não tem problema algum, a não ser por estar, talvez, sendo mal educado. Mas tudo muda quando um homem transmite uma mensagem de Deus. Quando transmite a verdade, falando a Palavra de Deus, e quem o ouve fica indiferente; este indiferente despreza a Deus e não ao homem. Jesus enviou seus escolhidos para anunciar o Evangelho, dizendo-lhes: “Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”. (Lc 10,16)

Deus enviou Jesus para cada homem; para, assim, salvar todo o que Nele crê. Do início ao fim da vida de Jesus na terra, sua missão era amar, perdoar, acolher e salvar quem vinha a Ele, quem acreditava Nele.

No último dia da vida de Jesus na terra, Deus continuava enviando Jesus às pessoas e pessoas a Jesus. Jesus via as pessoas e as pessoas O viam. Mas cada qual reagia segundo as intenções de seu coração. Os que queriam amar, buscavam a salvação, queriam fazer a vontade de Deus, acreditavam em Jesus e confiavam em suas Palavras. Os que não queriam amar, salvar suas almas, nem fazer a vontade de Deus, não acreditavam em Jesus e desprezavam suas Palavras.


NEM TODO O QUE DIZ CRER EM JESUS TEM RETAS INTENÇÕES

As pessoas podem estar ao lado de Jesus com pensamentos, intenções e comportamentos diferentes.
Uns como obedientes e bem intencionados filhos de Deus, outros como desobedientes e mal intencionados em relação a seus irmãos.
Outros, como atentos ouvintes e bons entendedores da Palavra de Deus.
Outros, como ouvintes atentos, mas entendendo pouco da Palavra de Deus.
Outros, como mal ouvintes, pouco ou nada entendem da Palavra de Deus.


OS PENSAMENTOS DIFERENTES DE DOIS HOMENS AO LADO DE JESUS NO CALVÁRIO

Deus enviou Jesus, o Salvador da humanidade, para a cruz, com dois homens que seriam crucificados ao Seu lado, um à esquerda e outro à direita.

Deus estava dando a dois homens a chance de se encontrarem com Jesus, de serem amados, perdoados e salvos por Seu Filho. Eles tiveram o prazer, o privilégio, de viver os últimos momentos de suas vidas ao lado de Jesus. Deus estava lhes oferecendo perdão e salvação. Mas quem destes dois crucificados aceitou a salvação dada por Deus?

TRÊS CRUCIFICADOS

Estando Jesus pregado na cruz, um dos homens pregado ao Seu lado zombava Dele. Sua raiva de Jesus tinha vários motivos: primeiro, seu amor à sua vontade pessoal, no prazer de viver em pecados; segundo, ele queria que Jesus fizesse sua vontade. Ele queria sair da cruz, fugir das dores, não queria morrer. 

Zombando de Jesus diz:

“Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”

(Lc 23, 39)

Jesus nada faz em movimentos de Seu corpo físico, mas faz na alma desse homem. Jesus nada diz falando, mas diz olhando. Jesus olha para ele. Os olhos de Jesus são expressivos, Seu olhar é uma rica e poderosa mensagem de salvação. O homem recebe a graça de ter sobre ele o olhar de seu Salvador. Porém, ele está fechado demais em si mesmo para deixar sua alma ser envolvida pelo olhar de seu Deus. Sua insensibilidade para com Deus o impede de sentir o amor de Deus por ele. Deus o ama, mas ele não se sente amado por seu Deus.

O homem, gemendo, observa o olhar de Jesus com olhar de desespero, não de fé; de medo da morte, não de confiança em Deus; de inconformidade com suas dores, não de súplicas a Deus; de raiva, não de humildade. Ele se deixa levar pela dúvida sobre Jesus e, assim, desconfia que Jesus é Deus e salvador. Está cheio de maus sentimentos; esses sentimentos ruins o cegam. Cego, não entende o expressivo e comunicativo olhar de Jesus que lhe fala, não aos ouvidos humanos, mas lhe fala na alma:

– Filho! Crê em Mim. Sou teu Senhor! Posso te salvar do meu jeito, não do teu. Não estou te acusando, mas tu és culpado de muitos pecados. Eu não tenho nenhum pecado, sou Deus, e aceito ser humilhado, desprezado, odiado, judiado, morto. Olha-me sem essas negatividades que estão dentro de ti, pede-me ajuda e Eu te confortarei aqui, sem te tirar de tua cruz. Confortar-te-ei em tuas dores, enviarei meus Anjos para colher tua alma assim que morreres, daqui a algum tempo.

Apenas Me olha com um pouco de fé e amor, e eu te perdoarei. Aceito, nem que seja um pouquinho de teu amor, e com esse pouco amor que Me deres, te salvarei. Terás, assim, paz, esperança e alegria em teus sofrimentos, até morreres em tua cruz ao meu lado.

Segue meu exemplo. Sou inocente e não clamo por justiça humana, pois a justiça de Deus me envolve. Acalma-te! Não queiras te salvar do teu jeito, não conseguirás. Teu jeito não dá certo, não funciona. Não queiras que Eu te tire de tua cruz para viver a vida que te condenará eternamente. Se Eu te tiro da cruz, tu voltarás a viver no pecado, como tens vivido. Arrepende-te! Aceita tua cruz, tuas dores, tua morte. Morre Comigo, morre ao meu lado, morre por Mim, morre com a intenção de morrer pelos homens que Eu vim salvar, e Eu te levarei ainda hoje para o Paraíso.

Ah, filho! Se tu Me amasses! Se tu Me amasses, entenderias o quanto amo cada um de vocês. Entenderias por que não descerei da cruz, por que aceito morrer, por que não reclamo do sofrimento. Crerias que sou Deus e entenderias por que não uso meu poder divino para descer da cruz. Todos os Anjos do Céu me veem neste momento. Meu Pai está assistindo tudo. Mas não quero que meus poderosos Anjos interfiram. Não peço a meu Pai que me tire destas dores, desta morte. Sem sofrimento, sem dor e morte, não haverá a ressurreição para salvar os que creem em Mim.

Por que Eu desceria da cruz, se foi para sofrer, morrer e ressuscitar que vim ao mundo? 

Não gosto do sofrimento, mas me sinto no compromisso de amá-lo, porque sem meu sofrimento e morte, Eu não poderia salvar nenhum de vocês. Filho! Porque amo o Pai, porque amo vocês; suporto, por amor, a dor e a morte que chegará daqui a pouco. Mas agora é hora de sofrer. Não sofro por Mim, para ganhar algo para Mim; sofro por amor a vocês. Vim dar minha vida na terra para que vocês possam ter a vida eterna no Céu.

Se tu me amasses, entenderias e dirias sim ao que te peço com meu olhar que percorre tua alma. Mas, filho, tu nem te deixas tocar por meu amor e misericórdia, que estão indo a teu coração por minha atenção dada a ti. Tu não consegues ler, nem ver em meu olhar e semblante ensanguentado a expressão de meu amor por ti.

Filho! Tu vais morrer nesta cruz, não vai demorar muito. Eu irei morrer primeiro. Enquanto estás vivo, ainda tens tempo de recorrer à minha misericórdia. Eu posso te salvar, mas precisas pedir perdão de teus pecados. Se morreres sem te arrepender, tu te condenarás.

Meu olhar, meu semblante, meu amor percorrendo tua alma, convidam-te a crer em Mim, a pedir perdão. Mas tu, filho meu; não queres te render a Mim. Não queres amolecer o coração. Preferes morrer como viveste: cheio de falsas ilusões, de ganância, de raiva, de orgulho e outros pecados. Não faz isso, filho! Eu te amo! Estou sofrendo na cruz e nela vou morrer para te salvar, mas precisas Me pedir perdão, arrepender-te. Faz isso e Eu te salvarei. Rende-te a Mim! Tu já estás cansado demais de ti mesmo. Entrega-te a Mim. Eu te darei descanso. Aceita meu descanso. Descansa em Mim.


O CORAÇÃO DURO DO ZOMBADOR

Por mais que Jesus falasse à alma desse homem, nada adiantava. Sua alma, endurecida pelo hábito de fazer maldades, nada ouvia. Ele não queria ouvir, não se esforçava para corresponder à graça de Deus que lhe era dada. Ele desprezava a ajuda de Deus para ser salvo. O olhar e a amorosa expressividade de Jesus ao olhá-lo, não conseguiram amolecer o seu coração.

Ao invés de se render a Deus, o zombador, gemendo em suas dores, repete:

“Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”

(Lc 23, 39)

O homem do outro lado escuta seu colega de roubos zombando de Jesus; vê Jesus olhando para ele e diz:

“Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.” 

(Lc 23, 40-41)

E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”  (Lc 23,42) 

Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.” (Lc 23, 40-43)

O homem zombador, do outro lado da cruz, ouviu as palavras que o convidavam a pensar. O próprio Jesus tinha inspirado essas palavras de exortação e convite ao arrependimento em seu colega de furtos. Jesus queria salvar esse homem, queria fazer o que veio fazer, salvar a todos os que querem ser salvos, mesmo que sejam os piores pecadores.

Para salvar, Jesus só precisa que o pecador se arrependa e peça perdão de seus pecados, com o propósito de não mais repeti-los. Se, por acaso, por causa da fraqueza humana, quebrar o propósito feito, Deus aceita novo pedido de perdão, aceita que o propósito quebrado seja refeito e que se recomece de onde se caiu.

O homem zombador, calado, gemia, olhava e escutava a conversa de Jesus com seu colega de furtos. Ele ouviu palavras inspiradas por Deus, ditas por quem estava crucificado ao lado de Jesus, como ele mesmo também estava.

Uma frase se repetiu em sua mente:

“Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”

O homem pensou: “Ele está pedindo para Jesus lembrar dele no Reino de Deus”. Em seguida, vê o rosto de Jesus voltado para seu colega.

Jesus olhava o homem que o defendia, que pedia para ser salvo. Em seus pensamentos, olhando esse homem, pensa: morrerás como um evangelizador, pois te inspirei palavras e evangelizaste teu colega, aceito-te como meu discípulo. Em seguida, Jesus lhe responde:

“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.”

Estas Palavras de Jesus também se repetiram na mente do homem zombador: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.”

Jesus, o Salvador, queria que o zombador escutasse as palavras de súplica de quem estava sofrendo como ele: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!”

O Salvador queria que ele ouvisse a resposta:

“Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.”

Jesus esperava que este diálogo se somasse ao olhar de amor e misericórdia que Ele tinha dado ao zombador; que essa soma de graças fosse o suficiente para o homem cair em si, arrepender-se e pedir perdão. Mas infelizmente nem todos os pecadores que estão ao lado de Jesus, como nem todos os que servem a Jesus, querem corresponder às graças que podem lhes salvar; graças enviadas pelo próprio Salvador.

Foi da vontade de Deus que essa cena da crucificação ficasse escrita no Evangelho, para que todas as pessoas que tenham conhecimento dela tenham a mesma oportunidade que tiveram os dois crucificados ao lado de Jesus, oportunidade de se arrepender de seus pecados e de se voltar totalmente para Deus; ou de rejeitar Deus com a mesma indiferença que vive.


UM DOS CRUCIFICADOS AO LADO DE JESUS NÃO ENDURECEU SEU CORAÇÃO

O homem arrependido, crucificado ao lado de Jesus, foi maleável à graça que recebeu de Jesus, no momento em que ouviu Jesus orar ao Pai, pedindo perdão pelas perversidades que estavam fazendo contra Ele. Graças de Deus foram enviadas a ele, como são enviadas a todas as pessoas de todos os tempos a cada vez que leem, escutam ou falam, destas palavras de Jesus orando pelos pecadores. Esse homem acolheu bem essas graças de Deus.

As Palavras de Jesus: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem.” (Lc 23, 34), emocionaram-no; mexeram com todo o seu ser. Desde aquele momento, em que as Palavras de Jesus entraram em seu coração, ele experimentou uma sensação de paz que nunca tinha experimentado antes. Esse homem não parava de olhar para Jesus, não havia mais como deixar de olhar Jesus. Quanto mais olhava, mais paz sentia, mais seus sofrimentos pareciam sumir; as dores da crucificação iam se tornando suportáveis, como se nada mais doesse; como se fosse prazeroso estar sofrendo e morrendo para, em breve, estar no Paraíso com Jesus.

O mundo, a dor, o medo e tudo mais tinham perdido o sentido para este homem, que tinha recebido de Jesus a promessa de ainda hoje estar no Paraíso com Ele. Não via mais nada à sua frente ou arredores. Seu olhar estava fixo em Jesus. Ele pensava na promessa de Jesus. Não era só promessa de homem comum, era promessa do Filho de Deus.

Quando Jesus pronunciou as Palavras: “Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem”, este homem sentiu sobre si um vento forte que era mais sobrenatural do que natural. Ele viu que as Palavras eram luz e que essa luz, saindo da boca de Jesus, avançou de modo poderoso, inalterável e invencível sobre todas as pessoas. Foi-lhe permitido ver que essa luz oracional iluminava eternamente, por ser uma oração de Jesus. Ele viu que a luz da misericórdia adentrou os tempos. Para todas as pessoas do passado e do futuro foi oferecida a misericórdia, assim como ela estava sendo dada no tempo presente de Jesus.

SEGUINDO O OLHAR DE JESUS

Jesus olhou para cima. Ele seguiu o olhar de Jesus. Jesus olhou as pessoas que estavam se afastando devagar, enquanto outras ficavam. Jesus olhou os príncipes dos sacerdotes, que tinham zombado Dele, dizendo que se Ele era o Cristo, o escolhido de Deus, se tinha salvado os outros, que se salvasse a si mesmo. O homem seguia o olhar de Jesus. Jesus olha os soldados que lhe tinham oferecido vinagre e, zombando, tinham dito: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”. O homem fica mais admirado de Jesus. Ele só vê amor, nos olhos e semblante de Jesus, para com todos estes homens que demonstravam odiá-lo, que achavam pouco o que ele estava sofrendo, que queriam vê-lo morto. Em Jesus, ele não vê desespero, ódio, raiva, nem impaciência, nem gemidos de reclamação.

Ele vê um homem consciente; um homem que sabe o que está acontecendo agora e suas consequências depois; um homem que tem total controle de si mesmo; um homem sofrido, mas tranquilo, em grande paz e mais do que cheio de amor; ele vê Jesus transbordando de amor; ele vê que Jesus está cheio de dores, mas vê que Jesus está satisfeito. Uma graça lhe foi dada e ele entende que a satisfação de Jesus tem causa, tem motivo. O plano do Pai se cumpriu. Jesus consumou os desígnios divinos para salvar todo o que Nele crê.

Olhando a satisfação de Jesus, ele escuta Jesus dar um grande brado: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lc 23, 46) “Está tudo consumado” (Jo 19, 30)

Ele vê Jesus inclinando a cabeça e morrendo, porém, não se sente só. As Palavras de Jesus, a promessa de ser levado ao Paraíso ainda hoje, alimentam e fortalecem sua esperança. Ele pensa: Jesus morreu; já já eu também morrerei; irei para o Paraíso; Jesus me levará. Jesus me prometeu! Estarei com Jesus no Paraíso… Ele me prometeu! Ele me prometeu!

Os soldados chegam e quebram suas pernas. Ele não grita; parece não sentir a dor dos ossos quebrados de suas pernas, que perfuram a pele, deixando ossos pontiagudos de fora. Os soldados quebraram as pernas do outro crucificado que zombou de Jesus. Ele grita desesperadamente, contorcendo-se de dor.

Para ele, a vida acaba ali; não sabe o que vai acontecer depois de sua morte. Ele não se arrependeu, não pediu perdão, não pediu para também ser levado para o Paraíso, quando ouviu Jesus prometer que levaria ainda hoje seu amigo para o Paraíso.

Um pavor começa a se apossar dele; sente um calafrio que não é físico, é preternatural; ele não ouve, não vê, mas os demônios estão lhe dizendo que vão levá-lo para o inferno assim que ele morrer; isso é a causa inexplicável de seu calafrio e pavor.


QUEM CRÊ EM JESUS, POR JESUS NÃO É DECEPCIONADO

Sem poder se sustentar nas pernas, o corpo fica pendurado pelos braços, impossibilitando mais ainda a respiração. Tenta puxar o ar para respirar, mas não consegue puxar o suficiente. A cada respiração, aumenta mais sua dificuldade em respirar e, assim, morre agonizando em desespero.

Seu colega, passando pelos mesmos sofrimentos, morre sem desespero. Surge uma luz branca vinda do Céu; nela tem Anjos de Deus, que vieram buscar a alma do homem que acreditou no amor e na misericórdia de Deus, quando já não havia esperança de salvação para ele.

O Corpo de Jesus está morto na cruz. Sua Alma tinha ido “pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes” (1Pd 3,19). Os Anjos do Céu estão parados na luz, sob a cruz desse homem. Ficam olhando, esperando a alma sair do corpo dele. Quando se desprende toda do corpo, eles a levam para se encontrar com Jesus, que vem trazendo com Ele todos os que estavam detidos no cárcere.

Do outro lado dele, na outra cruz, uma espécie de névoa negra vem do chão. Com ela estão alguns demônios. Sem aguardar a alma se desprender do corpo, já começam a puxá-la. Quando o corpo morre, eles conseguem pegá-la e a arrastam na névoa escura, descendo para o báratro. A alma grita de pavor, mas está totalmente impotente nas garras dos demônios, que fazem dela o que querem. Ele grita por Jesus, mas os demônios lhe dizem:

– Ele não virá. Não podes fazer mais nada por ti. Jesus só pode salvar quem procura por Ele enquanto está vivo, pois depois que morre, a alma não consegue mais se arrepender. Agora tu estás vendo que quando as criaturas de carne morrem, as suas almas assumem, por toda a eternidade após a morte, o estado espiritual que tinham quando o corpo carnal estava vivo. Quem, em vida, NÃO SE ARREPENDEU de seus menores e maiores pecados, passará a eternidade gritando de dores, revoltado contra Deus, contra si mesmo, contra as outras almas condenadas e contra todos os demônios.

– Não quero ouvir vocês, demônios! Eu estou chamando Jesus.

– Tu estás chamando por causa dos horríveis sofrimentos que estamos te causando, que irão piorar assim que chegar no abismo sem fim do inferno. Não é por causa do arrependimento que tu chamas Jesus. Se Jesus te desse a chance de voltar a viver, tu viverias como sempre viveu. É o medo, o terror e o sofrimento do inferno que te fazem chamar Jesus, e não o arrependimento. Tu vais para o inferno eterno, para o sofrimento sem fim. Tu és como muita gente, que vai para o inferno porque só quer Deus para pedir coisas, e não para servi-lo.

Os demônios vão puxando essa coitada alma para o inferno. Ele grita de desespero, olha para cima e vê seu colega sendo levado por Anjos de luz muito branca. Ele consegue ver a grande felicidade em que seu antigo colega se encontra.

Vamos encerrar aqui a leitura, mas após ela, faça, você mesmo, sua própria meditação. Eu usei a imaginação, tentando ver o que estava acontecendo com Jesus e os dois crucificados ao seu lado, em busca de enxergar melhor o sentimento de Jesus com relação a todos nós, pecadores, a quem Ele veio salvar. 

A imaginação pode ser usada para o bem ou para o mal, para a sabedoria ou para a tolice, para a verdade ou para a mentira, para estar mais perto de Jesus ou para Dele se afastar. Cada um de nós escolhe como usá-la. Use sua imaginação em oração, fazendo sua própria meditação sobre os dois homens crucificados ao lado de Jesus; sobre Jesus crucificado entre os dois homens; sobre a atitude diferente de cada um deles.

Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.


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