PREFÁCIO
O “Breviário da Confiança”, leitores queridos, aí está em nova edição. Vai continuar a missão que desempenhou tão bem até hoje: a de pregar às almas a confiança na Misericórdia Infinita do Sagrado Coração de Jesus. Graças a Deus foram consoladores os frutos colhidos na primeira edição. Consolou muitas almas aflitas, despertou belas vocações religiosas, e esclareceu a tantos que olhavam a nossa fé sob o aspecto terrível de uma piedade jansenista (1) que estreita os horizontes e aperta o coração. CONFIANÇA! Sim, muita confiança! NUNCA SE TEM CONFIANÇA DEMAIS NO BOM DEUS SEMPRE TÃO BOM E MISERICORDIOSO, dizia Santa Terezinha, a Missionária incomparável da confiança. Quero pregar a confiança, esta confiança que abre o coração e vê em Nosso Senhor um doce Pai Misericordioso. Há um Temor de Deus, princípio da sabedoria. Este temor é necessário e é salutar. E há um temor que é MEDO DE DEUS, um terror da Justiça Divina, que apavora muitas almas e desconhece as ternuras do Amor Misericordioso. Oh! Como este terror jansenista, da Justiça Divina, acabrunha as almas, aperta o coração e limita os horizontes tão vastos e encantadores da verdadeira e sólida piedade evangélica! A CONFIANÇA NÃO É UMA VIRTUDE PASSIVA. Não basta confiar e cruzar os braços. NÃO EXISTE E NÃO PODE EXISTIR, disse Leão XIII, virtude passiva. A Confiança não exclui, antes, supõe o esforço, a luta, o sacrifício. A paz de Nosso Senhor se conquista na guerra. Guerra às más paixões, guerra ao nosso EU. Condição essencial da santidade é o Amor. E o amor é o fruto e a conquista de uma vida espiritual de uma ascese forte, viril, enérgica, e toda impregnada de abnegação e de sacrifício. Que ninguém confunda esta consoladora doutrina da confiança com um SEMIQUIETISMO (2) perigoso que parece inculcar às almas, até mesmo às pouco adiantadas, disposições de PASSIVIDADE que não convêm realmente a todos, e pretende chegar cedo demais a SIMPLIFICAR a vida espiritual, esquecendo que, para a maior parte das almas, esta simplificação só se fará utilmente, depois dos longos exercícios da meditação discursiva, do exame, e da prática das virtudes morais. Quis também dizer aqui uma palavra de conforto a estas almas heroicas e generosas, sujeitas às provações destas NOITES MÍSTICAS tão desoladoras e angustiosas. Quem mais do que estas almas têm necessidade de um conforto nestas purificações passivas, tão dolorosas? Não poderia calar este gênero de martírio e deixar, sem uma palavra, estas almas generosas, objeto das predileções divinas. O “Breviário da Confiança” varia de página a página, porque variadas são as dores e as amarguras desta pobre vida. Dirige-se a quantos sofrem as torturas de uma dor física, ou de uma angústia moral, até o ignorado martírio dos que passam aquelas NOITES, tão bem descritas por São João da Cruz. Os meses de Maio, Junho, Agosto e Setembro estudam respectivamente quatro fontes da verdadeira Confiança: – Maria Santíssima, O Evangelho, a Imitação e o Pequenino Caminho da Infância Espiritual da grande Missionária da Confiança, Santa Teresa do Menino Jesus. O mês de Novembro consagrei-o à saudade de nossos mortos queridos. Sacerdote e diretor de almas, a Divina Providência me pôs sempre em contato direto com todo gênero de sofrimentos e de almas. E o sei por experiência: – A confiança faz milagres! Sinto e vejo quanto é verdade o que escreveu Santa Teresinha: – A CONFIANÇA E TÃO SÓ A CONFIANÇA NOS HÁ DE LEVAR AO AMOR! NUNCA SE TEM CONFIANÇA DEMAIS! Aí está, meus leitores, o “Breviário da Confiança”. Não tem absolutamente pretensões literárias, nem se apresenta com a autoridade de um TRATADO SOBRE A CONFIANÇA. É uma palavrinha amiga para cada dia, uma gota de bálsamo para as feridas que a vida nos vai abrindo também cada dia no pobre coração.
Mons. Ascânio Brandão
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(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano. Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 379)