O presépio não é apenas uma “decoração” de Natal
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e o chamarão com o nome de Emanuel, que traduzido significa: Deus está conosco”
(Mt 1,23)
Desde então, o mundo se fez novo, pois naquela noite se fazia presente, entre nós, o Filho de Deus, Aquele que viria para nos liberar do pecado e abrir a porta do céu! E vinha em forma de uma criança! Que grande mistério! Dizem os santos que Deus escolhei vir não apenas em forma humana, mas antes em um pequeno bebê, para que, ao olharmos para Ele, nosso coração fosse irresistivelmente atraído, pois se até mesmo as lágrimas de um menino abandonado, indefeso, mesmo sendo Ele para nós um desconhecido, nos comoveriam, quanto mais não devemos nos comover vendo o Menino Jesus que padece e chora por cada um de nós, estendendo amorosamente para nós as Suas mãozinhas, para nos pedir nosso coração, o nosso amor, e nos dizer com o Seu olhar: “Sou o teu Deus, dá-me teu coração.“
Sobre isso nos fala São Bernardo:
Quando contemplo o Filho de Deus no seio de seu Pai, sinto-me penetrado de respeito, e tremo de assombro diante da Sua incomparável majestade; mas quando O vejo no presépio, não posso já temê-Lo: não posso senão amá-Lo.
(São bernanrdo)

Esse é o fundamento do Natal! Contemplemos o nascimento do Menino Jesus, e O levemos para nossas casas. Não apenas uma imagem, através do presépio, mas um dos mais ricos momentos que o mundo já presenciou em todos os séculos.
O santo presépio deve ser para nós não apenas uma decoração de natal, e sim algo que nos leva à oração e à união dos nossos corações com o Menino Deus. Deve ser montado 4 Domingos antes do Natal, que corresponde também a um Domingo depois do dia de Cristo Rei.
No presépio que você for montar em sua casa, deve conter:
- O Menino Jesus, o Filho de Deus, que nasceu naquela noite para, todos os dias, nascer em nossos corações;
- Nossa Senhora, a mãe de Jesus. A Virgem pura escolhida por Deus para ser a mãe da humanidade;
- São José, que tomou Jesus por seu filho;
- O anjo, o mensageiro de Deus, comunicador da boa notícia;
- A estrela, que simboliza a luz de Deus que nos guia ao encontro do salvador;
- Os pastores, que representam a humildade necessária para reconhecer em uma simples criança o Salvador do mundo;
- Os animais, que foram naquela noite trazer um pouco de calor para o Menino Jesus e também reconhecer que ali estava o Senhor de todas as criaturas.
- Os reis magos: Belchior, Gaspar e Baltazar, que eram homens da ciência. Eles reconhecem que ali havia o Senhor além de toda ciência, que a Ele se submetia.
Os reis magos levaram ouro, incenso e mirra para presentear o Menino Jesus. O ouro significa a realeza; era um presente dado aos reis. O incenso significa a divindade, um presente dado aos sacerdotes, sua fumaça simboliza as orações que sobem ao céu. E a mirra simboliza o sofrimento e a eternidade.

Por essa grande riqueza que contemplamos no Natal, assim falou São Pio de Pietrelcina:
“Todas as festas da Igreja são lindas. A Páscoa, sim, é a glorificação. Mas o Natal tem uma ternura, uma doçura infantil que me conquista o coração.”
(São Pio de pietrelcina)
Se você tem crianças em casa, seria fundamental que elas participassem do momento da montagem do presépio, para que, desde cedo, elas reconheçam qual o verdadeiro sentido do Natal. Ensine suas crianças a receberem Jesus, acolherem-No em seus corações e em seus braços, assim como aconteceu com alguns santos, que tiveram a imensa graça de ver e tocar o Menino Jesus neste período de natal. Vejamos alguns exemplos:
Assim narra Santa Teresinha em seu livro “História de uma Almas“:
“Naquela noite abençoada, o doce Menino Jesus, com apenas uma hora de idade, encheu a escuridão da minha alma com raios de luz. Ao se tornar fraco e pequeno por amor a mim, ele me fez forte e corajosa: ele colocou suas próprias armas em minhas mãos para que eu fosse de vitória em vitória, começando, se posso assim dizer, a correr como uma gigante”
Em 1902, Santa Gema Galgani também presenciou a imagem do Menino Jesus durante a Missa do Galo. Na hora do ofertório, o Menino Jesus se aproximou dela e a apresentou à Virgem desta maneira:
“Vi Jesus, que me ofereceu como vítima ao Pai Eterno. Eu fiquei muito feliz. Ele me atraiu para ele; então ele me levou à nossa Mãe e me apresentou a ela dizendo: “Esta minha filha querida, tu deves considerá-la como filha da minha Paixão”.
Santa Faustina também recebeu essa imensa graça divina, e narra em seu diário:
“Quando cheguei à missa da meia-noite, desde o início mergulhei em uma lembrança profunda, durante a qual vi o estábulo de Belém cheio de grande esplendor. A Santíssima Virgem, toda perdida no amor mais profundo, envolvia Jesus em panos, mas São José ainda dormia. Só depois que a Mãe de Deus colocou Jesus na manjedoura, a luz de Deus despertou José, que também orou. Mas depois de um tempo, fiquei sozinha com o Menino Jesus, que estendeu as pequenas mãos até mim e eu entendi que deveria segurá-lo em meus braços. Jesus pressionou sua cabeça contra o meu coração e me fez compreender, pelo seu olhar profundo, o quanto ele gostava de estar ao lado do meu coração.”

São Francisco de Assis foi quem recebeu de Deus a inspiração de montar o primeiro presépio, em 1323. São Boaventura, na biografia sobre o santo, escreveu como o Menino Jesus apareceu na frente de de uma multidão que observava o presépio feito por São Francisco.

E como não podia faltar, na maioria de suas imagens, Santo Antônio está representado com o Menino Jesus nos braços. Assim ele é lembrado porque, certa vez, hospedado em uma cidade onde foi pregar, quando estava recolhido em seu quarto, em oração, foi visto segurando uma bela crianças. Ele a olhava com terno amor, contemplava-lhe o rosto, apertava-lhe ao peito e beijava o Menino Jesus, que lhe correspondia em afeto.
Um fidalgo que havia presenciado esta belíssima cena ficou maravilhado com a beleza do menino, porém, após o próprio Jesus revelar a Santo Antônio que alguém o observava, o santo pede a ele que nada comente com ninguém enquanto ele estiver vivo.
Apenas após sua morte, aquele agraciado senhor conta ao povo, com lágrimas nos olhos, o belíssimo momento em que presenciou Santo Antônio com o Menino Jesus.
Assim como estes grandes santos viram e sentiram a presença do Menino Jesus, que nossos corações também se abram à graça do nosso Deus, para que Ele também nos mostre, nos oferte mais uma vez Seu Filho. Que nossos corações também se abram à graça do nosso Deus, para que Ele também nos mostre, nos oferte mais uma vez Seu filho. Que nosso coração corresponda a tão grande amor, e o doce menino, que é Senhor de nossas vidas, encontre no nosso coração um agradável lugar para seu repouso.
Levemos para o nosso coração e para nossa família, essa meditação de São Bernardo:
“Em sua pequenez, quanto é amável! E, todavia, como O temos nós amado até agora? Como O amamos ainda? Ó meu coração, ama, pois, finalmente, um Deus tão amável; não respires já senão amor para com o Deus do presépio; e inaugure para ti a grande festa do Natal uma vida toda de amor.”
(São Bernardo)
Vem Jesus neste Natal ficar reclinado ao meu coração!