O Espírito de Deus em Davi (Parte II)

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.

27/12/2021

Capítulo 01
O AMOR E TEMOR DE DEUS, NO CARÁTER DE DAVI, O FAZEM TREMER POR TER CORTADO UM PEDAÇO DO MANTO DE SAUL

O que faz um homem tremer por ter cortado um pedaço de pano? O relato bíblico que você vai ler lhe dará uma maior compreensão do caráter de homens, mulheres, jovens e crianças que têm o temor de Deus.

Peçamos a Deus não só a compreensão, mas o próprio dom do temor de Deus, que fez Davi tremer por dentro por considerar que estava infringindo a lei do devido respeito a Deus por cortar o manto, estragar um objeto, algo que pertencia a um homem que era um escolhido, um ungido de Deus.

Se Davi, por temor de Deus, tremeu ao cortar o manto de Saul, então Davi era incapaz de fazer qualquer mal contra Saul, mesmo para salvar sua vida, porque tinha consciência de que desrespeitar a um escolhido e ungido de Deus era o mesmo que faltar com o respeito ao Criador de todas as coisas, era mais do que faltar com o respeito para com uma criatura.

“Subindo dali, veio Davi habitar nas alturas de Engadi. Quando Saul voltou da perseguição aos filisteus, foi-lhe anunciado:

– Davi está no deserto de Engadi.

Tomou então Saul três mil israelitas de escol e foi em busca de Davi com sua gente nos rochedos dos Cabritos Monteses. Chegando perto dos apriscos de ovelhas que havia ao longo do caminho, entrou Saul numa gruta para satisfazer suas necessidades. Ora, no fundo dessa mesma gruta se encontrava Davi com seus homens, os quais disseram-lhe:

– Eis o dia anunciado pelo Senhor, que te prometeu entregar o teu inimigo à tua discrição.

Davi, arrastando-se de mansinho, cortou furtivamente a ponta do manto de Saul. Logo depois o seu coração bateu-lhe, porque tinha ousado fazer aquilo. E disse aos seus homens:

– Deus me guarde de jamais cometer este crime, estendendo a mão contra o ungido do Senhor, meu senhor, pois ele é consagrado ao Senhor!

Davi conteve os seus homens com estas palavras e impediu que agredissem Saul. O rei levantou-se, deixou a gruta e prosseguiu o seu caminho. Então Davi saiu por sua vez e bradou atrás de Saul:

– Ó rei, meu senhor!

Saul voltou-se para ver, e Davi inclinou-se, prostrando-se até a terra. E disse ao rei:

– Por que dás ouvidos aos que te dizem:

Davi procura fazer-te mal?

Viste hoje com os teus olhos que o Senhor te entregou a mim na gruta.

(Meus homens) insistiam comigo para que te matasse, mas eu te poupei, dizendo: Não levantarei a mão contra o meu senhor, porque é o ungido do Senhor.

Olha, meu pai, vê a ponta de teu manto em minha mão.

Se eu cortei este pano do teu manto e não te matei, reconhece que não há perversidade nem revolta em mim.

Jamais pequei contra ti, e tu procuras matar-me.

Que o Senhor julgue entre mim e ti!

O Senhor me vingará de ti, mas eu não levantarei minha mão contra ti.

O mal vem dos malvados, como diz o provérbio; por isso não te tocará a minha mão.

Afinal, contra quem saiu o rei de Israel?

A quem persegues?

Um cão morto!

Uma pulga!

Pois bem! O Senhor julgará e pronunciará entre mim e ti.

Que ele olhe e defenda a minha causa, fazendo-me justiça contra ti!

Acabando Davi de falar, Saul disse-lhe:

– É esta a tua voz, ó meu filho Davi? E pôs-se a chorar. Tu és mais justo do que eu, replicou ele; fizeste-me bem pelo mal que te fiz. Provaste hoje a tua bondade para comigo, pois o Senhor tinha-me entregue a ti e não me mataste. Qual é o homem que, encontrando o seu inimigo, deixa-o ir embora tranquilamente? Que o Senhor te recompense o que hoje me deste! Agora eu sei que serás rei, e que nas tuas mãos será firmada a realeza. Jura-me pelo Senhor que não eliminarás a minha posteridade, nem apagarás o meu nome da casa de meu pai.

Davi jurou-lho. Depois disso, Saul voltou para a sua casa e Davi com a sua gente voltaram ao seu refúgio”.

(1 Samuel 24)


Capítulo 02
QUEM PODERIA IMPUNEMENTE ESTENDER A MÃO CONTRA O UNGIDO DO SENHOR?

Essa pergunta de Davi é uma afirmação, por causa do dom do temor de Deus. Davi tinha uma profunda percepção do perigo que uma pessoa corria ao aceitar intenções, pensamentos, palavras, ações de julgamentos contra um escolhido do Senhor.

Vemos a clareza da visão de Davi na ação de Deus sobre os homens, quando ele ora a Deus pedindo que sua vida seja preciosa aos olhos do Poderoso Senhor, assim como ele tem como preciosa a vida de Saul (1 Sm 26, 24), a quem Deus escolheu para reinar sobre Israel.

Davi entendia que não poderia ser cúmplice dos erros de Saul, mas não sendo cúmplice, não significava que tinha recebido de Deus a permissão de ajuizar Saul que tinha sobre ele a eleição de Deus até que Deus retirasse de vez essa eleição. O temor de Deus dava a Davi a visão e o entendimento de que os homens, inclusive ele, não receberam do tribunal divino o direito de ponderar a reunião de regras e leis da providência divina das prerrogativas de Deus na administração das circunstâncias.

Quanto a Saul e seus erros, Davi deixava todo o julgamento a Deus. Sabia que, mesmo tendo sido escolhido e ungido para ser rei, não poderia julgar e condenar Saul, pois mesmo sendo rei, Deus ainda não o tinha colocado para reinar. As circunstâncias administradas por Deus provavam isso. Sendo assim, diante de Deus, Saul ainda reinava, mesmo tendo Deus se afastado dele. Ele não julgaria Saul, pois não estaria julgando um homem com seus erros, estaria julgando a administração de Deus sobre as circunstâncias da vida de cada homem na história da humanidade. Davi entendia bem que uma coisa é julgar um homem comum, outra coisa é julgar a administração de Deus na vida de um homem ungido pelo Senhor para uma missão considerada por Deus de grande importância.

Jesus Cristo, nosso Senhor e único salvador, referindo-se ao julgamento que podemos fazer uns contra os outros, quer também que pensemos que, se não tivermos em nós o dom do temor de Deus, não teremos um bom caráter. Sem o bom caráter, iremos julgar as ações de Deus. Se julgamos as atuações divinas, estamos julgando o próprio Deus, e a criatura nada é para julgar Deus ou o comportamento divino. Por isso, Jesus nos diz:

“do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos”.

Mt 7,2

Entremos em mais uma situação administrada por Deus. Entremos mais intensamente lendo Sua Palavra, o que Ela nos fala sobre o motivo de Davi se recusar a matar Saul em todas as oportunidades que teve de se livrar de um inimigo que estava reinando em seu lugar. Procuremos ver e entender a atuação do dom do temor de Deus no caráter de Davi.

“Vieram os zifeus novamente ter com Saul, em Gabaa, e disseram-lhe:

– Davi está escondido na colina de Haquila, a oriente do deserto.

Saul desceu ao deserto de Zif com três mil homens de escol, de Israel, para ir em busca de Davi. Acampou na colina de Haquila, a oriente do deserto, à beira do caminho. Davi, porém, que habitava no deserto, vendo que Saul o tinha seguido até ali, mandou espiões e soube com certeza que ele tinha chegado.

Levantou-se então e foi ao lugar onde Saul estava acampado, chegando mesmo a descobrir o lugar onde o rei se deitava ao lado de Abner, filho de Ner, chefe do seu exército. Saul dormia no acampamento, rodeado de toda a sua gente. Davi disse então a Aquimelec, o hiteu, e a Abisaí, filho de Sarvia e irmão de Joab:

– Quem quer descer comigo ao acampamento de Saul?

– Eu, respondeu Abisaí, irei contigo.

Davi e Abisaí penetraram, pois, durante a noite no meio das tropas. Saul dormia no acampamento, tendo a sua lança cravada no chão ao lado de sua cabeceira. Abner e sua gente dormiam ao redor dele.

Abisaí disse a Davi:

– Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo; deixa-me cravá-lo por terra de um só golpe de lança, sem precisar de um segundo golpe.

– Não o mates, respondeu Davi. Quem poderia impunemente estender a mão contra o ungido do Senhor? E ajuntou: Por Deus! É o Senhor quem o há de ferir, seja que, chegando o seu dia, morra, seja que pereça em batalha. Deus me livre de levantar a minha mão contra o ungido do Senhor! Agora, toma a lança que está à sua cabeceira com a bilha de água e vamo-nos.

Apanhou Davi a lança e a bilha de água que estavam à cabeceira de Saul e foram-se, sem que ninguém os tivesse visto, ou os advertisse mesmo de leve; mas todos dormiam, porque o Senhor os tinha sepultado em um profundo sono. Davi passou para o outro lado e parou ao longe, no cimo do monte, separando-os uma grande distância. Então bradou aos soldados de Saul e a Abner, filho de Ner:

– Não respondes, Abner?

– Quem és tu, replicou Abner, que gritas assim para o rei?

Davi disse a Abner:

– Afinal, não és tu um homem? Quem é igual a ti em Israel? Por que não guardas o rei, teu senhor, tendo entrado alguém aí para matá-lo? Não é bonito o que fizeste. Por Deus! Mereceis a morte, porque não velastes sobre o vosso senhor, o ungido do Senhor! Olha um pouco onde estão a lança do rei e a bilha de água que estavam junto à sua cabeceira!

Reconheceu Saul a voz de Davi e disse:

– É tua esta voz, ó meu filho Davi?

Davi respondeu:

– Sim, ó rei, meu senhor. Por que o meu senhor persegue o seu servo? Que fiz eu? Que crime cometi? Que o rei, meu senhor, digne-se ouvir as palavras do seu servo: se é o Senhor quem te excita contra mim, receba Ele o perfume de uma oferenda! Mas, se são homens, sejam eles malditos diante do Senhor; porque me expulsam para tirar minha parte da herança do Senhor! E dizem-me: vai servir a deuses estranhos! Oh! Não corra o meu sangue sobre a terra longe da face do Senhor! O rei de Israel pôs-se em campanha contra uma pulga, como se persegue nos montes uma perdiz!

Saul disse:

– Fiz mal! Volta, meu filho Davi; não te farei mais mal algum, pois que neste dia respeitaste a minha vida. Procedi nesciamente; cometi um grandíssimo pecado.

Davi respondeu:

– Eis aqui a lança do rei: venha um de teus homens buscá-la! O Senhor recompensará a cada um segundo a sua justiça e fidelidade. Ele te havia entregue hoje em meu poder, mas não quis estender a minha mão contra o seu ungido. E assim como a tua vida foi preciosa diante de mim, assim seja a minha aos olhos do Senhor, e ele me salvará de toda a tribulação.

Saul disse a Davi:

– Bendito sejas, meu filho Davi! Tu triunfarás seguramente em todas as tuas empresas! Davi retomou o seu caminho e Saul voltou para a sua casa”.

(1 Samuel 26)


Capítulo 03
À NOITE, ENQUANTO DAVI DORME, O ESPÍRITO DO SENHOR FALA EM SUA ALMA

As Palavras do Senhor Deus nas almas das pessoas que dormem são ações de bênçãos, curas e libertações. O Espírito Santo está restaurando a imagem e semelhança da alma com Deus, que foi perdida por causa do pecado original.

O Espírito do Senhor trabalha na alma sobrenaturalmente, pois apesar de o Senhor Deus ter seus objetivos divinos na humanidade de natureza carnal, o fim do homem, enquanto o homem vive na terra, é um fim sobrenatural; fim no sentido de início da verdadeira vida unido a Deus depois da morte.

Cada homem foi escolhido antes da criação do mundo, para ser santo como Deus é Santo! (Ef 1, 4; Lv 11, 44) Isso quer dizer que o homem não foi criado como existimos hoje; o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus em inteligência, livre arbítrio, santidade e justiça, com a graça da participação na vida divina (CIC 374, 375).

Durante o sono do homem, Deus fala com ele Suas Palavras que são ações divinas. As almas não se lembram de nada quando o corpo acorda. Raras vezes sentem uma boa e suave sensação sem saber o motivo (se não conhecem a Deus) ou sem saber o que o Senhor fez (se O conhecem).

Davi dormia, e Deus lhe fortalecia em amor, fé, temor e tremor. O rei que não reinava iria reinar. Circunstâncias não desejadas por Deus, porém permitidas, iriam acontecer; após elas, o rei, que não reinava, iria começar a reinar.

Falando à alma de Davi enquanto ele dormia, Deus estava fazendo os últimos trabalhos dessa etapa, de outras que ainda viriam, na vida de seu escolhido. Deus falava Palavras de Espírito que envolviam toda a alma de seu discípulo Davi. Estas Palavras ensinaram a Davi, entre outras muitas coisas:

  • Que uma circunstância é feita de várias outras circunstâncias;
  • Que o caminho de quem confia no Senhor é reto porque Deus o nivela;
  • Que confiar e esperar com paciência nas Palavras, julgamentos e ações do Senhor, é a escolha mais prudente e inteligente;
  • Que o desejo da alma que deseja Deus acima de tudo, vê os juízos divinos se exercerem sobre a terra;
  • Que os homens com temor de Deus aprendem a justiça divina;
  • Que os homens sem temor de Deus, nada querem aprender de justo; mesmo que Deus lhes mostre o bem, eles se entregam ao mal, ficando impedidos de verem a majestade do seu Criador. Deus está agindo, mas eles não querem ver a ação divina;
  • Que na terra, os homens encontram homens que querem dominar os homens;
  • Que há multidões de homens que se deixam dominar, mas quem tem o temor de Deus, só a Deus tem por Senhor;
  • Que Deus não cessa de aumentar seu domínio sobre a alma de cada escolhido; de manifestar a cada um a grandeza Dele; de dilatar as fronteiras do amor da alma que O ama.

GUERRA, DERROTA DO EXÉRCITO, MORTE DE SAUL 

“Por aquele tempo, os filisteus mobilizaram suas tropas em um só exército para combater contra Israel. (…) Samuel tinha falecido e todo o Israel o chorara. Tinham-no sepultado em Ramá, sua cidade. E Saul expulsara da terra os necromantes, os feiticeiros e os adivinhos.

Os filisteus mobilizados vieram acampar em Sunão, enquanto Saul ajuntava os israelitas, acampando em Gelboé. Ao ver o acampamento dos filisteus, Saul inquietou-se e teve grande medo. O MEDO DE SAUL NÃO ERA COVARDIA, Saul não era covarde, seu medo era a ausência de Deus, o vazio da não presença de Deus em sua vida. Saul consultou o Senhor, o qual não lhe respondeu nem por sonhos, nem pelo urim, nem pelos profetas.” (1 Samuel 28,1-6)

“Os filisteus atacaram Israel, e os israelitas fugiram diante deles, caindo feridos de morte no monte de Gelboé. Investiram contra Saul e seus filhos, matando Jônatas, Abinadab e Melquisua, filhos de Saul. A violência do combate concentrou-se contra Saul. Os arqueiros descobriram-no e ele foi ferido no ventre. Disse ao seu escudeiro:

– Tira a tua espada e traspassa-me, para que não o venham fazer esses incircuncisos, ultrajando-me!

Mas o escudeiro não o quis fazer, porque se apoderou dele um grande terror. Então tomou Saul a sua espada e jogou-se sobre ela. O escudeiro, vendo que Saul estava morto, arremessou-se também ele sobre a sua espada e morreu com ele. Assim, morreram naquele mesmo dia, Saul e seus três filhos, seu escudeiro e todos os seus homens.

Os israelitas que moravam além do vale e além do Jordão, vendo a derrota do exército de Israel e a morte de Saul com seus filhos, abandonaram as suas cidades e fugiram; e os filisteus vieram e estabeleceram-se nelas. No dia seguinte vieram os filisteus para despojar os cadáveres e encontraram Saul e seus três filhos caídos no monte Gelboé. Cortaram-lhe a cabeça, despojaram-no de suas armas, e as enviaram por toda a terra dos filisteus, para que se publicasse essa boa nova nos templos de seus ídolos e entre o povo.

Puseram as armas de Saul no templo de Astarte e suspenderam o seu cadáver nos muros de Betsã. Quando os habitantes de Jabes em Galaad souberam do que os filisteus tinham feito a Saul, puseram-se a caminho os mais valentes dentre eles, e andaram toda a noite. Tiraram das muralhas de Betsã os cadáveres de Saul e de seus filhos, e voltaram a Jabes, onde os queimaram. Tomaram os ossos e os enterraram debaixo da tamareira, em Jabes. Depois disso, jejuaram sete dias”.

(1 Samuel 31)


Capítulo 04
O CHORO DE QUEM TEM ENTENDIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO DE DEUS NAS CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA DE UM HOMEM ESCOLHIDO

Davi não foi cúmplice dos erros de Saul, mas não deixou de reconhecer a eleição que Deus fez de Saul.

Leiamos o capítulo abaixo pedindo a Deus que nos dê entendimento do motivo de Davi chorar a morte de Saul por causa da eleição que Deus tinha feito sobre ele; o motivo de Davi castigar, e não recompensar, o homem que trouxe a notícia da morte de Saul, aquele que queria matá-lo.

DEPOIS DA MORTE DE SAUL

DEPOIS DA MORTE DE SAUL, ao terceiro dia, apareceu um homem que vinha do acampamento de Saul; trazia as vestes rasgadas e a cabeça coberta de pó. Chegando perto de Davi, jogou-se por terra, prostrando-se. Davi disse-lhe:

– De onde vens?

– Salvei-me do acampamento de Israel, respondeu ele.

– Que aconteceu?, perguntou Davi. Conta-mo! Ele respondeu:

– As tropas fugiram do campo de batalha, e muitos homens do exército tombaram. Saul também, e seu filho Jônatas, pereceram!

– Como sabes, perguntou Davi ao mensageiro, que Saul e seu filho Jônatas morreram?

O mensageiro respondeu:

– Achava-me no monte de Gelboé, quando vi Saul atirar-se sobre a própria lança, enquanto era perseguido pelos carros e cavaleiros. Ora, voltando-se, viu-me e chamou-me.

Eu disse: Eis-me aqui.

Quem és tu?, disse ele.

Eu sou um amalecita, respondi.

Aproxima-te, continuou ele, e mata-me, porque estou tomado de vertigem, se bem que ainda esteja cheio de vida.

Aproximei-me, pois, e matei-o, pois via que ele não poderia sobreviver depois da derrota. Tomei o diadema que tinha na cabeça e o bracelete do braço e os trouxe ao meu senhor; ei-los.

Então tomou Davi as suas vestes e rasgou-as, imitando-o nesse gesto todos os que estavam com ele. Estiveram em pranto, choraram e jejuaram até a tarde por causa de Saul, de seu filho Jônatas, do exército do Senhor e da casa de Israel, que haviam caído sob a espada. Davi perguntou ao mensageiro:

– De onde és?

– Eu sou filho de um estrangeiro, respondeu ele, de um amalecita.

Davi disse-lhe:

– Como não receaste levantar a mão contra o ungido do Senhor para matá-lo?

Chamando um dos seus homens, Davi disse-lhe:

– Vem, mata-o!

O homem o feriu, e ele morreu.

Davi disse-lhe então:

– Tu és culpado. Tua própria boca deu testemunho contra ti, quando disseste: matei o ungido do Senhor.

(2 Samuel 1,1-16)


Capítulo 05
MELHOR MORRER POR DEUS DO QUE VIVER PARA SI

O dom do temor de Deus fazia Davi ver Saul em primeiro lugar como um ungido do Senhor, e não como o inimigo que queria matá-lo. Davi não temia morrer, temia não respeitar a Deus. Davi era homem, mas não qualquer homem, era homem honrado, em seu caráter íntegro de homem de fé. Deus estava acima de seus interesses pessoais e de sua vida.

Davi não era um covarde frouxo, que colocava sua vontade acima da vontade de Deus. Só homens mortiços, frouxos, fracos, medrosos, intimidados, pusilânimes, covardes, traidores, colocam suas vontades acima da vontade de Deus. Estes são dignos do castigo que receberão quando morrerem, caso não se arrependam enquanto é tempo, pois não quiseram renunciar a si mesmos por amor a Deus, por causa de Deus, por temor de Deus.

Os homens covardes não quiseram lutar as guerras do Deus Vivo, na luta contra si mesmos até o fim da vida. Seus espíritos fracos e traidores os impedem de ver o despertar e o grito de guerra do Senhor. “O Senhor despertou como de um sono, como se fosse um guerreiro dominado pelo vinho”. (Sl 77,65) “Tal como um herói, o Senhor avança; como um guerreiro, ele desperta seu ardor; lança seu grito de guerra, como um herói que afronta seus inimigos”. (Is 42,13)

Homens fracos e covardes, que vivem atrás de dinheiro, poder, bebidas, festas, ou seja o que for que os faça colocar a vontade de Deus em segundo plano, enganam-se ao pensar que Deus está com eles. Somente os que, de todo o coração, buscam o Reino e a vontade de Deus acima de tudo, podem dizer com convicção: “O Senhor, porém, está comigo, qual poderoso guerreiro. Por isso, longe de triunfar, serão esmagados meus perseguidores. Sua queda os mergulhará na confusão. Será, então, a vergonha eterna, inesquecível”. (Jr 20,11)

Não sendo um homem que colocava Deus e a vontade divina em segundo plano, não havia medos, raivas e traumas na mente e na alma de Davi. Consequentemente, ele pode compreender os desígnios de Deus na vida de quem é escolhido para servir ao Rei dos reis; e assim, ao invés de se alegrar com a morte de quem o queria matar, de se sentir livre de um forte inimigo, ele chorou e compôs um cântico em recordação de Saul, que tinha sido escolhido e ungido por Deus para ser rei de Israel.

Deixando para Deus todo o julgamento, Davi não relembrou os erros de Saul, falou do homem a quem Deus tinha escolhido e ungido. Para Davi, o importante era a vontade de Deus, a administração que Deus faz de todas as circunstâncias. Leiamos o cântico composto por Davi (aqui colocarei apenas alguns pedaços do cântico) pedindo a Deus que nos dê a graça de confiarmos totalmente que Deus é o Senhor e administrador de todas as circunstâncias, e que por pior que alguma possa ser, Ele sempre usará de Seu poder, controlando todas as situações para sua glória e nosso bem.

COMPÔS ENTÃO DAVI O SEGUINTE CÂNTICO FÚNEBRE SOBRE SAUL E SEU FILHO JÔNATAS, ORDENANDO QUE FOSSE ENSINADO AOS FILHOS DE JUDÁ.

“Tua flor, Israel, pereceu nas alturas! Como tombaram os heróis?

Campos assassinos, onde foi maculado o escudo dos heróis! O escudo de Saul estava ungido não com óleo, mas, com o sangue de feridos, com a gordura de guerreiros, o arco de Jônatas jamais recuou, a espada de Saul jamais brandiu em vão!

Saul e Jônatas, amáveis e encantadores, nunca se separaram, nem na vida nem na morte, mais velozes do que as águias, mais fortes do que os leões! Filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia de púrpura suntuosa, e ornava de ouro vossos vestidos. Como caíram os heróis? Em pleno combate Jônatas tombou. Como pereceram os artilheiros de guerra?”

(2 Samuel 1,19-27)


Capítulo 06
DAVI CONSULTOU O SENHOR

“Depois disso, Davi consultou o Senhor:

– Devo subir a alguma das cidades de Judá?, perguntou ele.

– Vai, respondeu o Senhor. Davi retomou:

– Aonde irei?

– A Hebron.

Davi subiu a Hebron com suas duas mulheres, Aquinoã de Jezrael e Abigail. Levou Davi os homens de sua tropa com suas famílias, e fixaram-se nas cidades de Hebron. Os homens de Judá foram ali e sagraram Davi rei da casa de Judá. Foi anunciado ao rei que os homens de Jabes em Galaad haviam sepultado Saul. Davi mandou-lhes mensageiros, dizendo:- Benditos sejais pelo Senhor, por terdes feito esta obra de misericórdia para com o vosso senhor Saul, sepultando-o! Que o Senhor, por sua vez, se mostre bom e fiel para convosco; e eu também vos beneficiarei por essa ação que fizestes. Coragem! Sede homens valentes! Vosso senhor Saul morreu, e a casa de Judá me ungiu por seu rei.” (2 Samuel 2,1-7)

(2 Samuel 2,1-7)


Capítulo 07
GRANDE DIFERENÇA DO PECADO DIRETO CONTRA DEUS E O PECADO INDIRETO CONTRA DEUS

No capítulo 11 de 2 Samuel, vemos o grande pecado de Davi, mas Deus não o rejeita, contudo o castiga. Saul foi rejeitado porque pecou diretamente contra Deus. O pecado de Davi foi gravíssimo, entretanto não foi um pecado direto contra Deus, foi um pecado direto contra o próximo, o que também é um pecado contra Deus, porém pecado indireto.

“Se um homem pecar contra outro, Deus o julga; se ele pecar, porém, contra o Senhor, quem intervirá a seu favor?”

(1 Sm 2,25)

Capítulo 08
DAVI, SAUL E O PAPA FRANCISCO

Com a meditação que estamos fazendo sobre o caráter de Davi, façamo-nos uma pergunta:

O PAPA FRANCISCO NÃO É UM PAPA LEGÍTIMO?

Encontramos entre amigos, vizinhos, no trabalho, nas redes sociais, Bispos, padres e leigos: uns colocando em dúvida a legitimidade do Papa Francisco; outros afirmando que ele está cometendo erros contra a Doutrina da Igreja Católica que Jesus Cristo fundou em Pedro (cf. Mt 16, 18).

Vemos polêmicas de pessoas dizendo:

“O Papa legítimo é o Papa Emérito Bento XVI, e não o Papa Francisco.”

“O Papa Bento XVI renunciou em 10 de fevereiro de 2013, então deixou de ser Papa, para ser Bispo de Roma, Papa Emérito. Portanto, o Papa legítimo é o Papa Francisco.”

“O Papa Bento XVI nunca questionou a legitimidade do Papa Francisco.”

Para você que leu o texto acima por completo (Partes 1 e 2)! (Leia aqui a primeira parte)

Quem está certo e quem está errado nessa polêmica sobre a legitimidade do Papa Francisco?

Deixo a resposta com sua oração e meditação diante de Deus.


Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.

3 comentários sobre “O Espírito de Deus em Davi (Parte II)

  1. Depois que você lê sobre São Maria Vianney, começa a enxergar a autoridade dos nossos sacerdotes, que apesar dos erros, continuam in Persona Christi, ou seja, na pessoa de Cristo. Lembremos o que fez Padre Pio quando um leigo difamou publicamente um bispo. Imagine o Papa. Fujam dos sedevacantes. É uma nova raça de protestantes.

  2. Bendito seja Deus para sempre e nossa mãe santíssima. Agradeço a Deus pela vocação que tem sido desde o primeiro dia uma grande graça e ajuda em minha vida e de todos nós. Quando levantou-se muitas vozes contra o Papa Francisco, eu também sentia algo negativo dele, porém senti mal ao iniciar comentário negativo dele sentia um grande peso na autoridade dele e não continuava. Logo vi os que tocavam no assunto deixar de tocar daqueles que são importantes para mim.

  3. Boa noite irmãos a paz, gostaria de falar que não devemos jugar o papa e sim rezar por ele.a continuação da segunda parte foi muito ,Boa para vigiar mos pra fazer jenjum e nao jugar pois é ungido de Deus.louvado seja Deus.por nós esclarecer muitas coisas.

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