Os que se amam se entendem no amor

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.

“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, e observarás sempre o que ele te ordena, suas leis, seus preceitos e seus mandamentos”.

(Dt 11,1)

O homem que presenteia uma mulher, sua namorada, sua esposa, com algo que ela valoriza, ao presentear, o valor do objeto não encobre o amor, pois, por se amarem, o objeto se torna uma mensagem na qual vai seu coração apaixonado, tornando o presente secundário aos olhos e coração de sua amada.

Um objeto não é o presente que o homem apaixonado quer dar; ele quer dar algo a mais do que um objeto que fique como recordação; ele quer dizer que a ama, quer dar seu amor. Quando um homem apaixonado diz à sua amada que a ama, ela sente a verdade do sentimento dele na entonação de sua voz, na expressividade de seu semblante, no olhar seguro, firme e penetrante de seu amado.

Seu olhar é um olhar apaixonado, que pede e ao mesmo tempo exige correspondência; uma exigência que sustenta os olhos de sua amada em seus olhos. Ela não consegue fugir desse olhar que a faz sentir o deleite do amor.  Os olhos sentem o contato físico e espiritual um do outro. Eles se procuram, olham-se íris com íris, pupila com pupila, vivem o grande prazer dos olhos nos olhos, vivido apenas pelos que se amam.

Os que se amam se compreendem ao se olharem; comunicam-se nos gestos, nas expressões corporais, nos sorrisos. Tudo o que querem é estar um com o outro. Estar perto, conversar, viver a sensação muito agradável do contentamento, da jovialidade, da alegria. Estar perto é satisfazer um desejo de estar com quem se ama; uma satisfação que se mostra necessária para a felicidade entre os enamorados.

O que disse acima é uma pequena expressividade do amor humano entre um homem e uma mulher. É uma pequena expressividade, porque se pode falar muito, muito, abundantemente mais sobre a beleza e o mistério do amor dado por Deus para homem e mulher se amarem; amor tornado, por Deus que é amor, um amor possível de se viver na terra entre duas criaturas.

Deus assim fez para que homem e mulher possam meditar que, se é possível, nesta vida temporal, as criaturas viverem um grande amor, uma grande felicidade, um grande prazer, uma grande alegria, uma grande paz, uma grande satisfação entre elas, bem maior é a alegria de viver o prazer do amor entre o Criador e a criatura.

Deus quer que o homem e a mulher sintam o amor, vivam o amor, sejam felizes vivendo a se amar. Deus quer que entendam a linguagem do amor; quer dizer, que vejam e compreendam a capacidade que o amor tem de se comunicar por esperança, fé, boa vontade; por palavras, atos, sinais, sensações e razões.

O amor é uma linguagem interior e silenciosa, que explica externamente aos que se amam a necessidade de sua aproximação e união; a necessidade de protegerem e de se deixarem proteger. Os que se amam podem não saber escrever um texto sobre as necessidades e exigências do amor, mas sabem como viver o que não sabem escrever.

Existiram muitos casais (existem poucos hoje, mas existiram e ainda existem) na terra, homens e mulheres que souberam se amar segundo o amor criado por Deus exclusivamente para homem e mulher; amor de Adão e Eva; amor na procriação e, em outro grau de graça, o amor de Maria e José (com a diferença que entre estes não aconteceu o amor para a procriação). Ainda existem casais que vivem o prazer do amor que Deus tornou real para o homem e a mulher viverem na vida temporal.

É o amor a Deus que torna o homem capaz de amar a mulher (e a mulher capaz de amar o homem) segundo a razão e os sentimentos da sabedoria do amor. Razão, sentimento, sabedoria e amor que são concedidos por graça de Deus, não por capacidade humana.

Enganam-se o homem e a mulher que se julgam preparados para namorar, noivar, casar, por considerarem que sabem e podem se amar segundo o amor criado por Deus para o homem e a mulher, se eles, em primeiro lugar, não amam e buscam a Deus de todo o coração.

Homem e mulher que não buscam a Deus de todo o coração, não tem o temor de Deus; sendo assim, é-lhes mais fácil encontrar os desequilíbrios do amor Eros do que os frutos do amor Ágape. Homem e mulher precisam de Deus para terem equilíbrio e pureza em si. Deus o faz pois sabe que é necessário ao ser humano para viver tanto o amor Eros quanto o amor Ágape.

Os frutos do amor Eros são o “amor” da sexualidade sem controle, da paixão inebriante, da atração física, da beleza exterior, do desejo meramente carnal, da obsessão pela pessoa desejada fisicamente, da imaturidade, da insensatez, da aventura sentimental romântica, aquela aventura disfarçada de bom relacionamento, que dura enquanto dura a ilusão de quem pensa estar vivendo o verdadeiro amor, ou acaba quando acaba o desejo carnal.

Quem se entrega totalmente à paixão irrefletida; quem não tenta dominar o “amor” Eros, não consegue dominar a carne, nem a impaciência, o orgulho, a grosseria, a inveja, o pensamento de vingança diante de ofensas; não consegue perdoar. Examinemos nosso interior para ver se o “amor” Eros está nos dominando. Se estiver, recorramos a Deus, pedindo perdão, cura e libertação até sermos totalmente libertos.

Os frutos do amor Ágape vêm de Deus, são dados por Deus ao ser humano, pois o amor Ágape é o amor de Deus. Os frutos deste amor no ser humano são:

• desejo de amar a Deus sobre todas as coisas;
• desejo de amar todas as pessoas;
• desejo de não pecar;
• desejo de se arrepender do pecado, se pecar;
• desejo de ter a capacidade de sacrifício;
• desejo de amar incondicionalmente;
• desejo de atração espiritual;
• desejo de vencer maldades interiores como o orgulho, a inveja, a arrogância, a impaciência, a raiva, a injustiça, a malícia, a mentira, a falsidade, os interesse pessoais, a preguiça e a má vontade humana e espiritual na vida de oração, jejum e penitência.

Os frutos do amor Ágape estão também nas relações familiares entre marido, esposa e filhos; no amor, respeito e admiração entre os membros da família, na alegria e satisfação da unidade familiar.

O amor de Deus está no homem, inserido no homem, faz parte do homem. Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. (Gn 1,26) Deus criou o homem para dele ser Pai, e o homem para ser seu filho. O ato de Deus criar o homem é um ato que não parou de atuar. Esse ato divino sempre atrairá o homem para seu Criador. Essa é uma verdade que pode ser recusada, mas não pode ser negada.

Criando o homem à sua imagem e semelhança, Deus deu ao homem toda a inteligência necessária para o homem CRER e SABER pela verdade. Saber e crer pela verdade que só pode permanecer na verdade; só pode ser feliz e encontrar descanso para seu corpo, mente e alma no encontro com seu Criador.

Deus não criou o homem para abandoná-lo à própria sorte; criou-o para amá-lo e ser correspondido nesse amor. Deus quer se entender com o homem no amor; quer que o homem se entenda com Ele no amor. Os que se amam, entendem-se no amor, por isso o homem precisa amar seu Deus e Criador e por Ele se deixar amar. Se não se deixar amar por seu Deus; se não O amar; não O entenderá. Para se entender Deus, é preciso falar o idioma Dele. O idioma de Deus é o amor. Pergunto por meio de um exemplo paupérrimo: Como um Americano entenderá um brasileiro, se o americano não entende nada de português?

Quem quer entender Deus, só O entenderá se estudar a língua própria de Deus, a linguagem do amor, falada não só no terceiro Céu, mas em todos os Céus, onde Ele se comunica visivelmente com os espíritos dos Santos e Anjos. A mesma língua com a qual Ele se comunica invisivelmente na terra com os homens.

Deus nos dá seus presentes com dons que nos são muito importantes, mas apesar da riqueza dos dons, Deus não quer encobrir com eles o seu amor por nós. Ele quer que vejamos em tudo e em cada presente espiritual, mental e material que nos dá, uma mensagem de Seu coração apaixonado, de modo que o que Ele nos concede, esteja em sua condição de secundário aos olhos de cada um de nós que O amamos.

Mais do que os presentes das graças e dons, que Deus apaixonado dá a Seus filhos, como recordação Dele; ao presentear, Ele está falando que ama, que quer dar Seu amor, quer dar a Si mesmo mais do que dar presentes; está nos dizendo que não quer ficar como recordação, mas deseja que quem Lhe ama faça por onde viver em Sua presença, não nas lembranças Dele.

Quando Deus apaixonado diz a seus filhos que os ama por meio de algum presente, aquele filho apaixonado que corresponde ao amor divino, percebe a verdade no sentimento de amor do Altíssimo, através da graça espiritual ou humana que Dele recebeu. Sentindo, lembra das Palavras do Amor: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças”. (Dt 6,5) 

O amor de Deus que manda amar, também pede amor ao dar amor. O Amor quer ser amado, exige correspondência. É uma exigência de decreto, a qual rapidamente se transforma em lei, que nos diz: quem por Ele é amado, que O ame também!

O verdadeiro amor tem a liberdade de se sentir no direito de exigir o amor, de por amor ordenar ao sonolento no amor que acorde para o amor:

Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.