A DIFERENÇA DE ESCOLHA DE VIDA ENTRE O REI SAUL E O REI DAVI

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.

20/06/2022

Nós nos parecemos com qual deles dois?

Saul morreu por não se deixar conduzir pela sabedoria divina.

Davi viveu por amar e se deixar conduzir pela sabedoria de Deus.

“Ó abismo de riqueza, de sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são os seus juízos e inexploráveis os seus caminhos!”
(Rm 11,33)

Saul amou a Deus, mas não O amou o suficiente para gostar de buscar a sabedoria, para nela encontrar e compreender as instruções de Deus para sua vida pessoal, a qual precisava ser moldada pelo Espírito de Deus, por três motivos:

  • Primeiro: Deus era seu Criador.
  • Segundo: Saul precisava se deixar trabalhar, em alma e mente, pelo Espírito de Deus.
  • Terceiro: Deus lhe deu responsabilidades no governo do povo de Israel.

Deus queria que Saul compreendesse que Ele o chamava a governar um povo, pois o bem-estar espiritual e material do povo é mais importante do que governar um país. Um país é apenas uma região geográfica na terra.

Deus queria que Saul compreendesse que a ordem e o progresso do país sob seu governo viria como consequência da integridade de seu caráter em se submeter aos Mandamentos divinos, e não somente por competência de suas habilidades humanas como guerreiro valente nas guerras na defesa de Israel, tampouco por uma eficiente administração econômica do país.

A coragem e habilidade de guerrear, juntamente com a competência de governar para o progresso econômico de qualquer país, terminará em fracasso se faltarem as bênçãos de Deus. Saul não enxergou e não aderiu a essa verdade.

“E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há ninguém que seja mais útil aos homens na vida”.

(Sb 8,7)

Davi, que enxergava a realidade unindo-se a ela, pôde deixar um ensinamento aprendido de Deus: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas”. (Sl 126,1) Em outro momento, Davi, em alegria e louvor, proclamou: “Feliz a nação que tem o Senhor por seu Deus, e o povo que ele escolheu para sua herança”. (Sl 32,12)

A VONTADE DE DEUS ERA IMPORTANTE PARA DAVI

Os planos de Deus puderam se cumprir sobre Davi, porque ele, em amor ao seu Criador, buscava conhecer e se submeter à vontade divina. Inspirado pelo Espírito de Deus, Davi dizia:

“Dirão os meus lábios palavras de sabedoria, e o meu coração meditará pensamentos profundos”. (Sl 48,4)

“Não obstante, amais a sinceridade de coração. Infundi-me, pois, a sabedoria no mais íntimo de mim”. (Sl 50,8)

“Ó Senhor, quão variadas são as Vossas obras! Feitas, todas, com sabedoria, a terra está cheia das coisas que criastes”. (Sl 103,24)

“O temor do Senhor é o começo da sabedoria; sábios são aqueles que o adoram. Sua glória subsiste eternamente”. (Sl 110,10)

“Dai-me o juízo reto e a sabedoria, porque confio em Vossos mandamentos”. (Sl 118,66)

“Formaram-me e plasmaram-me Vossas mãos, dai-me a sabedoria para aprender os Vossos mandamentos”. (Sl 118,73)

“Sou Vosso servo: ensinai-me a sabedoria, para que conheça as Vossas prescrições”. (Sl 118,125)

“Vossas palavras são uma verdadeira luz, que dá sabedoria aos simples”. (Sl 118,130)

“Ele criou os céus com sabedoria, porque sua misericórdia é eterna”. (Sl 135,5)

“Grande é o Senhor nosso e poderosa a sua força; sua sabedoria não tem limites”. (Sl 146,5)

NÃO EXISTE AUSÊNCIA DE NEXO NAS AÇÕES E PALAVRAS DE DEUS QUE TEMOS DIFICULDADE DE COMPREENDER

É mais fácil confiar nas ações estabelecidas por Deus no desenvolvimento de Seus planos, do que entender a profundidade da sabedoria divina.

A confiança em Deus nos protege de nós mesmos e da desconfiança dos outros, quando a nossa limitada inteligência e percepção das ações de Deus não nos deixa ver e entender de imediato o objetivo divino.

Deus não se contradiz, mas quem não confia Nele, encontra contradição no que lê na Sagrada Escritura. Exemplo:

“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3,16)

“Não ameis o mundo nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai”. (1Jo 2,15)

Primeiro, lemos que Deus amou o mundo. Depois, lemos que o amor de Deus não está em quem ama o mundo.

Há contradição nessas duas passagens bíblicas?

Não!

Estas e outras passagens bíblicas, que parecem ser paradoxais, são de fácil entendimento para quem confia em Deus, mas de difícil ou impossível entendimento para quem não confia no Senhor.

A EXPLICAÇÃO É: Deus amou e ama o mundo que Ele está salvando por meio de seu Filho único, Jesus Cristo. Deus não ama o mundo do qual Ele está salvando o mundo, ou seja, Deus não ama o mundo entregue ao pecado.

DEUS UNGIU DAVI PARA SER REI, MAS NÃO LHE DEU O REINADO DE IMEDIATO

Para nós, humanos, o certo e justo é que se Deus havia ungido Davi para ser rei de Israel, então Ele destronasse logo Saul e entronasse Davi. Isso é o que nos parece que deveria ter sido feito logo, mas Deus não pensa nem age como os seres humanos.

Saul era o rei de Israel. Foi Deus quem o instituiu rei. Mas sem tirar seu trono, Deus tirou a autoridade de seu reinado, ao enviar o profeta Samuel para ungir Davi como rei de Israel. “Samuel tomou o corno de óleo e ungiu-o no meio dos seus irmãos. E, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor apoderou-se de Davi”. (1Sm 16,13)

Desse momento em diante, Deus deu a Davi a autoridade para ser rei, mas Deus não colocou Davi no trono, Deus deixou Saul no trono de Israel. Deus não colocou Davi visivelmente no trono, nem fez o exército e o povo saberem que ele era o novo rei.

Saul tinha o trono, o comando do exército. O povo o reconhecia e o obedecia como rei, mas diante de Deus, Saul não era mais rei. A autoridade para reinar estava sobre Davi, porém o exército e o povo não sabiam desse fato. Não sabiam onde estava a autoridade dada por Deus ao homem.

Diante de Deus, Saul AINDA estava no trono, porém não era mais rei. Davi AINDA não estava no trono, mas já era rei. Davi AINDA não estava no trono porque estava no “ainda” de Deus. O “ainda” de Deus é o plano de Deus se desenvolvendo no tempo e na velocidade da sabedoria e da paciência divina, porque Deus não é apressado, Ele é perfeitamente preciso.

Davi precisava viver o “ainda” divino, pois nele Deus estava trabalhando no corpo, na alma e na mente de quem Ele tinha escolhido para fazer com que sua vontade fosse feita, nos desígnios que tinha sobre Israel. Desígnios grandiosos, pois Jesus iria nascer da descendência de Davi (Mt 1, 1; 21, 9; Mc 12, 35; Lc 1, 69; Rm 1, 3; 2 Tm 2, 8; Ap 22, 16).

PERGUNTA:

Por que a Palavra de Deus diz que Jesus é da descendência de Davi, e não da descendência de Isaí, se Isaí era o pai de Davi?

RESPOSTA: 

Porque o escolhido para realizar a vontade de Deus no destino de Israel quanto a Jesus, o Messias, foi Davi, e não outra pessoa. Não poderia ser outra pessoa porque “os dons e o chamado de Deus são irrevogáveis”. (Rm 11,29)

PERGUNTA:

Mas então, sendo Isaí pai de Davi, Jesus não descende dele também?

RESPOSTA: 

Quanto à carne mortal, sim; quanto ao chamado e dom de Deus, não.

O ESPÍRITO SANTO APODEROU-SE DE DAVI NO TEMPO DO “AINDA” DE DEUS

  • Por graça divina, Davi amava a Deus de todo o coração.
  • Por misericórdia divina, Davi foi maleável e obediente ao Senhor.
  • Por misericórdia divina, Davi conseguiu ser fiel em todas as coisas porque “o Espírito do Senhor apoderou-se” dele no dia que foi ungido para fazer a vontade de Deus (cf 1Sm 16,13).

No “ainda” divino, Deus preparava o coração de Davi para ser resiliente contra o endurecimento de seu coração, por meio:

  • Do amor verdadeiro ao seu Deus;
  • Da humildade;
  • Da fé firme;
  • Da integridade de caráter;
  • De uma ardorosa afeição ao seu Senhor.

Vivendo com fé, humildade e paciência o “ainda” de Deus, Davi era moldado pelo Espírito Santo para ser receptáculo da misericórdia, e não de endurecimento do coração.

Saul foi trabalhado pelo Espírito de Deus para receber toda a misericórdia necessária à sua salvação, mas não foi trabalhado para ser receptáculo da misericórdia, como Davi foi. Por quê? Poderíamos dizer que foi devido a Deus conhecer com antecedência as desobediências de Saul; mas seria resposta humanamente fácil. É fácil culpar os outros por seus erros, quando na realidade “Não está nas mãos do homem penetrar” os desígnios de Deus (Tb 3,20).

Ao escolher Davi, e não Saul, para ser receptáculo de misericórdia, Deus está fazendo acepção de pessoas? A Palavra de Deus responde: “O Senhor não faz acepção de pessoa”. (Eclo 35,16) Deus não faz acepção de pessoas, mas em seu amor, sua sabedoria e metodologia, “Ele tem misericórdia de quem quer, e endurece a quem quer”. (Rm 9,18)

Por que Deus tem misericórdia de quem quer e endurece a quem quer? 

Respondendo com outra pergunta: o que é melhor, tentar entender o que é difícil à nossa inteligência limitada, ou simplesmente confiar e se alegrar em acreditar que Deus sabe o que faz, e tudo o que faz é justamente cheio de amor e sabedoria?

NO “AINDA” DE DEUS, DAVI TEVE DE ESPERAR PARA SENTAR NO TRONO

Davi e Saul viveram como tem de viver todas as pessoas, o “ainda” de Deus. Relembremos o motivo de estarmos meditando na palavra AINDA. O motivo é que Davi, pela unção do profeta Samuel, tornou-se rei de Israel, mas AINDA não estava no trono.

No “ainda” divino, Deus trabalhava na alma e mente de Davi os atributos individuais em que todo ser humano precisa ser trabalhado pelo Espírito Santo para levar a pessoa ao crescimento e amadurecimento espiritual, psicológico, moral, intelectual, necessário à salvação da alma e ao serviço de Deus.

Davi viveu bem todo o tempo do “ainda” divino. Por graça especial, sabia que, para sua vida, o “ainda” de Deus não estava sob pesquisa humana, não estava sendo elaborado por humanos, sabia que diante de Deus o que é AINDA para os homens, para Deus já está concluído.

Deus sabe exatamente o que fez, faz e fará no “ainda”, que para Ele já está feito, apesar de que para o homem, o “ainda” é uma espera de fé no seu Deus. É por isso que diante de Deus, Davi é rei, apesar de Davi ainda não estar no trono.

Quando o tempo do “ainda” de Deus terminou para Davi, Deus providenciou que ele sentasse no trono e reinasse. “Davi tinha trinta anos quando começou a reinar, e seu reinado durou quarenta anos:” (2Sm 5,4) “Davi, depois de ter servido em vida aos desígnios de Deus, morreu. Foi reunido a seus pais e experimentou a corrupção” (At 13,36) do corpo, que apodreceu e virou pó; cumprindo-se, assim, sobre o rei Davi, o que se cumpre sobre todo homem, segundo o que Deus disse a Adão: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.” (Gn 3,19)

O PECADO DE DAVI

Davi pecou gravemente no caso com Betsabé, e para com seu marido Urias. Deus o castigou, mas não o rejeitou.

Por quê?

Será por que seu pecado foi mais por fraqueza do que por maldade, apesar de ele ter agido com maldade?

A maldade de Davi contra Urias foi totalmente consciente, ou houve um dilatado grau de inconsciência, provocado pela tentação que o convidava ao prazer do pecado?

A tentação que convida ao prazer do pecado pode cegar, em que grau, uma consciência?

Apesar de a cegueira não justificar o pecado, a cegueira existe e tem poder de enganar e influenciar o ser humano?

Arrependido, Davi disse ao profeta Natã:

– Pequei contra o Senhor.

Natã respondeu-lhe:

– O Senhor perdoa o teu pecado; não morrerás. Todavia, como desprezaste o Senhor com essa ação, morrerá o filho que te nasceu.

 (2 Sm 12, 13-14) 

(Mais tarde, você pode ler na sua Bíblia, os versículos de 7 a 12 do capítulo 12 de 2 Samuel, que falam de outro castigo.)

DAVI DESPREZOU A DEUS COM UMA AÇÃO, NÃO COM SEU CORAÇÃO.

Deus, que sonda e conhece os corações, é o único que pode julgar acertadamente as ações e os corações. O homem não tem a visão e o entendimento de Deus, não consegue perceber e ver o que Deus percebe e vê.

Davi pecou porque infelizmente todo homem pode pecar.

São Paulo não justifica o pecado, mas explica por que o homem pode pecar. Leiamos:

“Foi o pecado, portanto, que, aproveitando-se da ocasião que lhe foi dada pelo preceito, excitou em mim todas as concupiscências; porque, sem a lei, o pecado estava morto. Quando eu estava sem a lei, eu vivia; mas, sobrevindo o preceito, o pecado recobrou vida, e eu morri.

Assim o mandamento, que me devia dar a vida, conduziu-me à morte. Porque o pecado, aproveitando da ocasião do mandamento, seduziu-me, e por ele me levou à morte. Por conseguinte, a lei é santa e o mandamento é santo, e justo, e bom…

Então, o que é bom tornou-se causa de morte para mim?

De certo que não.

Foi o pecado que, para se mostrar realmente pecado, acarretou para mim a morte por meio do que é bom, a fim de que, pelo mandamento, o pecado se fizesse excessivamente pecaminoso.

Sabemos, de fato, que a lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido ao pecado. Não entendo, absolutamente, o que faço, pois não faço o que quero; faço o que aborreço. E, se faço o que não quero, reconheço que a lei é boa. Mas, então, não sou eu que o faço, mas o pecado que em mim habita.

Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita o bem, porque o querer o bem está em mim, mas não sou capaz de efetuá-lo. Não faço o bem que quereria, mas o mal que não quero.

Ora, se faço o que não quero, já não sou eu que faço, mas sim o pecado que em mim habita. Encontro, pois, em mim esta lei: quando quero fazer o bem, o que se me depara é o mal.

Deleito-me na lei de Deus, no íntimo do meu ser.

Sinto, porém, nos meus membros outra lei, que luta contra a lei do meu espírito e me prende à lei do pecado, que está nos meus membros.

Homem infeliz que sou! Quem me livrará deste corpo que me acarreta a morte?…

Graças sejam dadas a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!

Assim, pois, de um lado, pelo meu espírito, sou submisso à lei de Deus; de outro lado, por minha carne, sou escravo da lei do pecado.”

(Rm 7, 8-26)

Davi pecou porque quis afrontar e desobedecer a Deus? Não! Davi pecou “porque o justo cai sete vezes, mas ergue-se, enquanto os ímpios desfalecem na desgraça”. (Pr 24,16)

MAS O QUE DAVI FEZ FOI MUITO GRAVE

Sim, foi. Mas Davi se arrependeu e pediu perdão a Deus: “Então eu vos confessei o meu pecado, e não mais dissimulei a minha culpa. Disse: Sim, vou confessar ao Senhor a minha iniquidade. E vós perdoastes a pena do meu pecado” (Sl 31,5). “Sim, minha culpa eu a confesso, meu pecado me atormenta”(Sl 37,19). “Lavai-me totalmente de minha falta, e purificai-me de meu pecado”(Sl 50,4).

O gravíssimo pecado de Davi foi totalmente perdoado por Deus. Deus não esqueceu o pecado, porque Deus de nada pode esquecer, mas “o perdão de Deus apaga o pecado da existência de quem pecou”. Vale a pena repetir: mas “o perdão de Deus apaga o pecado da existência de quem pecou” (escutei em uma aula do professor Olavo de Carvalho).

O PECADO DE DAVI NÃO FOI PIOR DO QUE O DE SAUL?

Não!

Apesar de ser gravíssimo o que Davi fez, Deus, que conhece os corações e as intenções, viu que Davi pecou contra Ele de modo indireto, ao cometer adultério e mandar matar Urias.

Por ser um pecado indireto, Deus não rejeitou Davi. Porém, quanto a Saul, que pecou diretamente contra Deus, Deus disse ao profeta Samuel: “Arrependo-me de ter feito rei a Saul; ele se desviou de Mim e não executou as minhas ordens”. (1Sm 15,11)

“Saul disse: Pequei! Transgredi a ordem do Senhor e as tuas instruções, pois tive medo do povo e ouvi a sua voz”. (1Sm 15,24) “O Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e um espírito mau veio sobre ele, enviado pelo Senhor”.

(1Sm 16,14)

Sem ter consideração por Deus, depois de mandar matar os sacerdotes do Senhor, Saul ordenou “que fosse passada ao fio da espada a cidade sacerdotal de Nobe: homens, mulheres, meninos, crianças de peito, bois, jumentos e ovelhas”. (1Sm 22,19)

MAS, APESAR DE TER SIDO PECADO INDIRETO CONTRA DEUS, DAVI PECOU

Sim! Mas, uma é a gravidade do pecado contra Deus, outra é a seriedade do pecado contra o ser humano. Pecar contra o ser humano é pecado contra o SEGUNDO maior Mandamento. Pecar diretamente contra Deus, é pecado contra o PRIMEIRO, maior e mais importante Mandamento.

Ao criar o homem à sua imagem e semelhança, Deus lhe deu grande importância, mas a importância da criatura é infinitamente inferior à importância do Criador de todas as coisas.

Uma das orientações de Jesus, é: “Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça”. (Jo 7,24) Jesus se refere a não julgar o homem; mas também se refere a não julgar pela aparência as situações que devem ser avaliadas com sabedoria e justiça divina.

Aos que julgam as situações e aos homens, Jesus os exorta dizendo: “Vós julgais segundo a aparência; eu não julgo ninguém”. (Jo 8,15)

DEUS VÊ O QUE O HOMEM NÃO VÊ

Se olharmos diretamente a aparência do que Davi fez contra Urias, vemos pelo ato um grande crime. Olhando o que Davi e Betsabé fizeram, vemos o adultério. Mas o que veríamos se olhássemos seu coração, vendo como Deus olha?

Deus, que conhecia o coração de Davi, viu nele a culpa de um pecado. Não o deixou impune pelo seu pecado; mas por conhecer seu coração, não tirou dele o reinado sobre Israel, nem escolheu outro homem de quem Jesus iria descender.

Deus manteve a promessa de que de Davi viria o Salvador; que de sua descendência nasceria o Seu Santo Filho Jesus. Por quê? Porque por seu coração, Davi era da altíssima estirpe dos homens a quem Deus não considera a falta.

Foi o próprio Deus quem criou essa genealogia espiritual na terra, que ascende ao Céu. É Deus mesmo que vai, a cada geração, acrescentando o número dos escolhidos para essa linhagem de homens poderosos diante Dele.

O primeiro foi Adão. Depois de Adão, alguns foram vistos e reconhecidos pela humanidade como:

  • Noé,
  • Abraão,
  • Jó,
  • José,
  • Moisés,
  • Davi,
  • Salomão,
  • Elias,
  • Jeremias,
  • Daniel,
  • Judas Macabeu,
  • João Batista,
  • Pedro,
  • João,
  • Paulo,
  • Francisco,
  • Antão,
  • Agostinho etc.

Outros homens desta altíssima estirpe são os escolhidos para o anonimato na terra. Pouca gente sabe de sua existência, são vistos e reconhecidos somente por Deus, seus Anjos e Santos do Céu.

DEUS PERDOOU DAVI

Quando Deus revelou a Davi que, apesar de seu pecado exterior, Ele não viu fraude, desonestidade em seu coração; Davi, cheio de paz e alegria, tomado pelo Espírito Santo, escreveu: “Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo.” (Sl 31, 1-2)

QUAL É O CORAÇÃO NO QUAL DEUS SE RECUSA A VER FRAUDE?

  • É aquele ao qual Deus perdoou a iniquidade.
  • É aquele do qual Deus absolveu o pecado.
  • É aquele do qual o Senhor Deus desconsidera o pecado, por ver que neste homem o coração pode errar por fragilidade humana, mas não por deliberada consciência de desamor e desprezo a Deus e ao próximo. Se não fosse assim, o Espírito Santo não teria inspirado a Davi a escrever: “Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argúi de falta, e em cujo coração não há dolo.”

O ENVOLVIMENTO DA MISERICÓRDIA SOBRE SAUL NÃO FAZIA O EFEITO DESEJADO POR DEUS

Saul quis ser rei de Israel confiando em seus pensamentos e vontades. Desse modo, seu coração se endureceu. A misericórdia de Deus o envolvia, mas seu coração, endurecido pelo orgulho, a repelia. “Antes da ruína, o coração do homem se eleva, mas a humildade precede a glória”. (Pr 18,12)

Sua vontade pessoal o impedia de confiar na misericórdia divina; de usufruir dos benefícios da misericórdia, sendo uma das principais bondades de Deus, por meio da misericórdia, a conservação do espírito humano na graça de Deus.

Saul não percebia que o orgulho antecede a desgraça, levando sua vítima à insanidade espiritual, mental e ao prejuízo material.

O ENVOLVIMENTO DA MISERICÓRDIA FEZ O EFEITO DESEJADO POR DEUS SOBRE DAVI

Davi foi rei de Israel, confiando no pensamento e na vontade de Deus. Desse modo, seu coração se fortaleceu pela prática da humildade. A misericórdia de Deus o envolvia,  fazendo-o apto, livre para receber e usufruir dos benefícios da misericórdia.

Entre as riquezas concedidas pela misericórdia, estava a conservação do espírito de Davi na graça de Deus. Essa graça conservou o espírito de Davi fiel a Deus todos os dias de sua vida até morrer. “O temor do Senhor é uma escola de sabedoria. A humildade precede a glória” (Pr 15,33). “O prêmio da humildade é o temor do Senhor; a riqueza, a honra e a vida” (Pr 22,4).

A DIFERENÇA ENTRE QUEM ESPERA NO SENHOR, COMO DAVI ESPEROU, E O ÍMPIO

“São muitos os sofrimentos do ímpio. Mas quem espera no Senhor, sua misericórdia o envolve. Ó justos, alegrai-vos e regozijai-vos no Senhor. Exultai todos vós, retos de coração.”
(Sl 31, 10-11)

ENCERRAMOS ESSA MEDITAÇÃO COM AS SEGUINTES PALAVRAS DE DEUS POR MEIO DE DAVI:

“O Senhor olha dos céus, vê todos os filhos dos homens.

Do alto de sua morada observa todos os habitantes da terra, Ele que formou o coração de cada um e está atento a cada uma de suas ações.

Não vence o rei pelo numeroso exército, nem se livra o guerreiro pela grande força.

O cavalo não é penhor de vitória, nem salva pela sua resistência.

Eis os olhos do Senhor pousados sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua bondade, a fim de livrar-lhes a alma da morte e nutri-los no tempo da fome.

Nossa alma espera no Senhor, porque Ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos. Seja-nos manifestada, Senhor, a vossa misericórdia, como a esperamos de vós.”

(Sl 32, 13-22)

. . .

Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.

Um comentário em “A DIFERENÇA DE ESCOLHA DE VIDA ENTRE O REI SAUL E O REI DAVI

  1. Deus seja louvado por essa formação de hoje, que alegria trás ao meu coração quando meditamos na misericórdia divina, pois é! Deus nos trata segundos seu coração. Ensina- me Senhor a ter um coração manso e humilde. Amém 🤚 VJ.

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