OS DESÍGNIOS DE DEUS – PARTE 2

VOCAÇÃO DE JESUS!
Deus seja amado com todas as forças de nosso coração e de nossa alma.

02/05/2022

A intenção de Deus é uma vontade vigorosa para nos libertar do pecado, defender-nos do mundo, de nós mesmos e de Satanás. Seu desígnio é nos reunir em Jesus Cristo, Seu Filho, nosso Salvador.

Quem de nós pode ver e compreender as sucessivas ações de Deus trabalhando para a união dos homens com os Anjos; dos céus com a terra?

Quem de nós já levou para a oração pessoal um pedido de entendimento ou um louvor, dizendo: “Eu Vos louvo, Senhor Deus, pelo Vosso ‘desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra’ (Ef 1,10)”?

É DIFÍCIL ENTENDER O DESÍGNIO PROTETOR, AMOROSO E DIVINO SE DESENVOLVENDO

Para realizar Seu desejo, Deus usa sua inteligência, que é inalcançável pela inteligência humana. Por isso, o homem tem dificuldade de entender o desígnio protetor, amoroso e divino se desenvolvendo nas circunstâncias da vida humana para salvar todo aquele que crê que Jesus é o único Salvador. “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual devamos ser salvos”. (At 4,12)

“Nesse Filho, pelo seu sangue, temos a Redenção, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça que derramou profusamente sobre nós, em torrentes de sabedoria e de prudência. Ele nos manifestou o misterioso desígnio de Sua vontade, que em sua benevolência formara desde sempre, para realizá-lo na plenitude dos tempos – desígnio de reunir em Cristo todas as coisas, as que estão nos céus e as que estão na terra.

Nele é que fomos escolhidos, predestinados segundo o desígnio daquele que tudo realiza por um ato deliberado de Sua vontade, para servirmos à celebração de sua glória, nós que desde o começo voltamos nossas esperanças para Cristo.” (Ef 1, 7-12)

PEDINDO PERMISSÃO!

Peço permissão a você que lê, para abrir um parêntese.

Com certeza você vai gostar muito de, em outro momento, somar a sua meditação sobre o desígnio de Deus de “reunir em Cristo todas as coisas”, com a meditação da repreensão do profeta Jeremias aos homens que marcaram o lugar que deveria ficar desconhecido até “que Deus reunisse seu povo e usasse com ele de misericórdia”. (2 Mc 2, 7)

Nesta ocasião, disse Jeremias:

“Então revelará o Senhor o que ele encerra e aparecerá a glória do Senhor como uma densa nuvem, semelhante à que apareceu sobre Moisés e quando Salomão rezou para que o templo recebesse uma consagração magnífica.” (2 Mc 2, 8)

Obrigado!

Continue a leitura, por favor.

AS CONSEQUÊNCIAS DAS DESOBEDIÊNCIAS ÀS LEIS DA LIBERDADE E FELICIDADE CRIADAS POR DEUS

Ore antes de ler. Diga ao seu Criador:

“Senhor Deus!

Que esta leitura não seja uma mera leitura na minha vida.

Dai-me a graça de, com o que estou lendo, receber de Vós uma maior fé, confiança e visão em Vossas ações, nos cuidados que tendes para com cada um de Vossos filhos.

Dai-me participação e uma maior paciência, compreensão e alegria sobre Vossa metodologia no andamento das situações; de como fazeis Vossa vontade acontecer na realização de Vossos desígnios em nossas vidas.

Amém.”

O POVO DE DEUS PECAVA E NÃO SE ARREPENDIA

Deus enviava profetas para lhes mostrar que estavam errados, para pedir arrependimento e conversão, para avisá-los que, se continuassem vivendo no pecado, colheriam as consequências de seus atos.

Os profetas esclareciam que as consequências ruins seriam por causa do pecado da desobediência a Deus, e não por causa de outros motivos humanos, alegados pelos homens. O motivo não seria as injustiças sociais, mas o pecado, que causava todo tipo de injustiça e maldade. O povo não queria ouvir os profetas que Deus lhes enviava.

Anos depois de ter tido muita paciência, vendo que o povo era rebelde às leis que lhes proporcionavam paz, segurança e felicidade; e vendo que não queriam se converter; Deus permitiu que colhessem o que semeavam.

Já que não queriam viver sob os Mandamentos de Deus, que eram SUA DEFESA, SEU ESCUDO CONTRA O MAL; Deus permitiu que sobre eles não estivesse mais a consequência da obediência, que é: o amor, o perdão, a paciência, a paz, a segurança, a felicidade e todas as bênçãos necessárias à vida espiritual e humana, com toda a proteção divina.

Deus permitiu, então, que viessem sobre eles as CONSEQUÊNCIAS DE SUAS DESOBEDIÊNCIAS às leis da liberdade e felicidade. Os judeus, que sempre venciam seus inimigos, devido à proteção divina no tempo que eram submissos a Deus; agora rebeldes a Ele, foram derrotados na guerra e levados para o cativeiro.

DEUS ZELA, PROTEGE TODOS OS FILHOS INSERIDOS EM SEUS DESÍGNIOS

No meio do povo rebelde, havia uns poucos obedientes e tementes a Deus, que mesmo sendo justos, iriam sofrer o exílio. Tobit, da tribo de Neftali, sendo um homem inserido nos desígnios de Deus, estava indo com seu povo para outro país, levado como prisioneiro.

Na terra estrangeira, Tobit permaneceu fiel a Deus.

Quando ficou adulto, casou com uma mulher chamada Ana. Deles nasceu Tobias. 

“Ensinou-lhe desde a sua mais tenra idade a temer a Deus e a se abster de todo o pecado. Desse modo, quando chegou com sua mulher e seu filho, como cativo, no meio de sua tribo, à cidade de Nínive, embora todos os outros comessem dos alimentos dos pagãos, guardou sua alma pura, e jamais contraiu mancha alguma com seus alimentos.

Porque ele conservava com todo o seu coração a lembrança de Deus, Deus o tornou simpático ao rei Salmanasar, que o autorizou ir aonde quisesse, e a fazer o que quer que lhe agradasse. Ele ia, pois, visitar todos os deportados e dava-lhes conselhos salutares.” (Tb 1, 10-15)

NÃO É SEGURO TENTAR FAZER O MAL A QUEM ESTÁ INSERIDO NOS PLANOS DE DEUS. DEUS O PROTEGE, POIS TEM DESÍGNIOS A RESPEITO DE SEU PROTEGIDO

O rei Salmanasar morreu, e seu filho Senaquerib o sucedeu no trono. Senaquerib odiava os israelitas; Ao saber que Tobit era um apoio espiritual para os israelitas, e que enterrava os judeus que ele mandava matar, ordenou que matassem Tobit e confiscassem todos os seus bens.

“Tobit, porém, despojado de tudo, fugiu com seu filho e sua mulher e, como tinha muitos amigos, conseguiu permanecer oculto. Ora, quarenta e cinco dias depois, o rei foi assassinado por seus filhos, e Tobit voltou para a sua casa; e foram-lhe restituídos todos os seus bens.” (Tb 1, 23-25)

O AMOR E TEMOR DE DEUS FAZIA TOBIT TER ATITUDES QUE O RECOLOCAVAM SEMPRE EM PERIGO DE VIDA

Em uma festa religiosa, foi preparado um grande banquete na casa de Tobit. Ele disse ao seu filho:

– Vai buscar alguns homens piedosos de nossa tribo para comerem conosco.

Ele saiu, mas logo voltou, anunciando ao pai que um dos filhos de Israel jazia degolado na praça. Tobit levantou-se imediatamente da mesa, sem nada haver comido, e foi onde estava o cadáver. Tomou-o e levou-o clandestinamente para a sua casa, a fim de sepultá-lo com cuidado depois do sol posto.

Quando o sol se pôs, ele o sepultou. Seus vizinhos criticavam-no unanimemente.

– Já uma vez ordenaram que te matassem, precisamente por isso, e mal escapaste dessa sentença de morte, recomeças a enterrar os cadáveres!

Mas Tobit TEMIA MAIS A DEUS que ao rei, e continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os inumava durante a noite. Ora, aconteceu que um dia, cansado desse trabalho, voltou para a sua casa e deitou-se junto à parede, onde adormeceu.

Enquanto dormia, de um ninho de andorinhas caiu-lhe esterco quente nos olhos, e ele tornou-se cego. Deus permitiu que lhe acontecesse essa prova, para que a sua paciência, como a do santo homem Jó, servisse de exemplo à posteridade.

Como SEMPRE TEMERA a Deus, desde a sua infância, e tendo guardado seus mandamentos, ele NÃO SE AFLIGIU (nem murmurou) contra Deus por ter sido atingido pela cegueira. Mas PERSEVEROU FIRME no temor de Deus e continuou a dar-lhe graças em todos os dias de sua vida.

SATANÁS E SUAS PALAVRAS ATRAVÉS DO SER HUMANO

Assim como o bem-aventurado Jó foi insultado por outros chefes, assim seus parentes e amigos escarneciam do comportamento de Tobit, dizendo:

– Onde está essa esperança por cujo amor deste esmolas e sepultaste os mortos?

Tobit repreendia-os:

– Não faleis assim. Somos filhos dos santos (patriarcas), e ESPERAMOS aquela vida que Deus há de dar aos que NÃO PERDEM jamais a sua confiança Nele.

Tendo repreendido Ana, sua mulher, por engano, ela lhe disse:

– Tua esperança é manifestamente vã. Agora tuas esmolas mostram bem o que valem!

Com estas e outras palavras semelhantes, ela o censurava duramente. (O texto completo está em Tb 2)

O SOFRIMENTO DE DUAS PESSOAS INSERIDAS NOS PLANOS DE DEUS. OS DESÍGNIOS DIVINOS AGINDO PARA A FELICIDADE DELES.

Tobit e Sara não se conheciam, mas estavam interligados no sofrimento em conjunturas diferentes, por causa das permissões e ações de Deus nos cuidados que Ele tem com cada um de seus filhos.

Apesar de eles não entenderem o andamento da metodologia do Senhor das situações, trabalhando sob a vista de Deus para que seus desígnios se cumprissem como Ele queria, o Altíssimo lhes dava fé, paciência e confiança Nele.

PARE A LEITURA, POR FAVOR. ORE MAIS UMA VEZ:

Senhor Deus!

Dai-me a graça de, com o que estou lendo, receber de Vós uma maior fé, confiança e visão em Vossas ações, nos cuidados que tendes para com cada um de Vossos filhos.

Dai-me participação e uma maior paciência, compreensão e alegria sobre Vossa metodologia no andamento das situações; de como fazeis Vossa vontade acontecer na realização de Vossos desígnios para meu bem e salvação.

Amém.

Continue a ler!

1 – O SOFRIMENTO DE TOBIT

Suspirando em meio às suas lágrimas, Tobit pôs-se a orar:

“Vós sois justo, Senhor! Vossos juízos são cheios de equidade, e Vossa conduta é toda misericórdia, verdade e justiça.

Lembrai-Vos, pois, de mim, Senhor!

Não me castigueis por meus pecados e não guardeis a memória de minhas ofensas, nem das de meus antepassados.

Se fomos entregues à pilhagem, ao cativeiro e à morte, e se nos temos tornado objeto de mofa e de riso para os pagãos entre os quais nos dispersastes, é porque não obedecemos às Vossas leis.

Agora os vossos castigos são grandes, porque não procedemos segundo os vossos preceitos e não temos sido leais para convosco.

Tratai-me, pois, ó Senhor, como vos aprouver; mas recebei a minha alma em paz, porque me é melhor morrer que viver.” (Tobias 3,2-6)

2 – O SOFRIMENTO DE SARA

Sara e Tobit fizeram uma oração:

  • Os dois não se conheciam.
  • Os dois nada sabiam o que o outro sofria.
  • Os dois não sabiam que suas orações chegariam juntas “diante da glória do Deus Altíssimo”.
  • Só Deus sabia que os seus desígnios estavam se cumprindo.
  • Os desígnios de Deus preparavam o bom futuro de Sara, Tobit e Tobias, que iria ser o marido de Sara.

O QUE ACONTECIA ENQUANTO TOBIT ORAVA?

Enquanto Tobit orava, Sara orava.

Em lugares diferentes, os dois oravam no mesmo dia, ao mesmo tempo, como que combinados.

A Sagrada Escritura diz que PRECISAMENTE naquele dia, Sara teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. Ela tinha sido dada sucessivamente a sete maridos. Mas logo que eles se aproximavam dela, um demônio chamado Asmodeu os matava.

Tendo Sara repreendido a jovem criada por alguma falta, esta respondeu-lhe:

– Não vejamos jamais filho nem filha nascidos de ti sobre a terra! Foste tu que assassinaste os teus maridos. Queres porventura matar-me, como mataste todos os sete?

Ouvindo isso, Sara subiu ao seu quarto e aí ficou três dias completos, sem comer nem beber.

SARA NÃO TEVE PENA DE SI MESMA POR CAUSA DO INSULTO E DA ACUSAÇÃO DA SERVA. DIANTE DA SITUAÇÃO, SARA FOI ORAR!

Orando com fervor, ela suplicava a Deus, chorando, que a livrasse dessa humilhação. Ao terceiro dia, acabou sua oração, bendizendo o Senhor desta forma:

Deus de nossos pais, que vosso nome seja bendito. Vós, que depois de vos irardes, usais de misericórdia, e no meio da tribulação perdoais os pecados aos que vos invocam.

Volto-me para vós, ó Senhor; para vós levanto os meus olhos.

Rogo-vos, Senhor, que me livreis dos laços deste opróbrio, ou então que me tireis de sobre a terra! Vós sabeis que eu nunca desejei homem algum, e que guardei minha alma pura de todo o mau desejo.

Nunca frequentei lugares de prazer nem tive comércio com pessoas levianas. E se consenti em casar-me, foi por vosso temor e não por paixão.

Foi, sem dúvida, porque eu não era digna deles; ou talvez não eram eles dignos de mim; ou então me destinastes a outro homem.  Não está nas mãos do homem penetrar os vossos desígnios. Mas todo aquele que vos honra tem a certeza de que sua vida, se for provada, será coroada; que depois da tribulação haverá a libertação, e que, se houver castigo, haverá também acesso à vossa misericórdia.

Porque vós não vos comprazeis em nossa perda: após a tempestade, mandais a bonança; depois das lágrimas e dos gemidos, derramais a alegria. Ó Deus de Israel, que o vosso nome seja eternamente bendito!”

(Tobias 3,13-23)

AS ORAÇÕES DE TOBIT E SARA CHEGARAM DIANTE DA GLÓRIA DO DEUS ALTÍSSIMO

“Estas duas orações FORAM OUVIDAS AO MESMO TEMPO, DIANTE DA GLÓRIA DO DEUS ALTÍSSIMO; e um santo Anjo do Senhor, Rafael, foi enviado para curar Tobit e Sara, cujas preces tinham sido simultaneamente dirigidas ao Senhor”. (Tobias 3,24-25)

QUEM PODE COMPREENDER A MULTIPLICIDADE DOS CAMINHOS DO SENHOR?

O que estamos lendo da história de Tobit e Sara, faz-nos admirar a ciência da sabedoria de Deus. Faz-nos suplicar pelo dom da humildade, porque nos vemos incapazes de compreender a multiplicidade dos caminhos do Senhor. “A quem foi mostrada e revelada a ciência da sabedoria? Quem pode compreender a multiplicidade de seus caminhos?” (Eclo 1,7)

  • Quem pode ver o movimento divino?
  • Quem pode entender a profundidade da sabedoria do Altíssimo?
  • Quem pode entender o modo de como a providência divina providenciou que as situações da vida de Tobit e de Sara os levassem a orar com fé, sinceridade, respeito e confiança em Deus, a ponto de suas orações chegarem juntas diante da glória divina?

A CONDUÇÃO INVISÍVEL DA PROVIDÊNCIA DIVINA

Tobit e Sara não compreendiam o que estava acontecendo em suas vidas; nem porque estavam passando pelos sofrimentos que passavam. Nem Tobit nem Sara entendiam, nem viam como o Senhor conduzia suas vidas. Ninguém consegue ver a minuciosidade dos acontecimentos no desenrolar dos desígnios de Deus.

A compreensão estava longe deles. A única coisa que podiam fazer, eles estavam fazendo: estavam confiando totalmente em Deus. 

Por que o melhor a fazer é confiar em Deus nas situações de nossas vidas que não entendemos? 

Porque “o Senhor é quem dirige os passos do homem: como poderá o homem compreender seu caminho?” (Pr 20,24)

Diante das boas ou difíceis situações de nossa vida, tenhamos sempre em nosso coração e entendimento que “todas as coisas que Deus fez são boas, a seu tempo. Ele pôs, além disso, no seu coração a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina de um extremo a outro”. (Ecl 3,11) “Quem é sábio para julgar estas coisas e compreender as misericórdias do Senhor?” (Sl 106,43)

EM SEU AMOR, FÉ E CONFIANÇA EM DEUS, COM PROFUNDO RESPEITO, TOBIT OROU PEDINDO A MORTE, MAS OS DESÍGNIOS DO SENHOR ERAM OUTROS.

Julgando Tobit que sua prece tinha sido atendida e que ia morrer, chamou junto de si o seu filho e disse-lhe:

“Ouve, meu filho, as palavras que te vou dizer, e fazes que elas sejam em teu coração um sólido fundamento (…) Conserva sempre em teu coração o pensamento de Deus; guarda-te de consentir jamais no pecado, e de negligenciar os preceitos do Senhor, nosso Deus.

Dá esmola dos teus bens, e não te desvies de nenhum pobre, pois, assim fazendo, Deus tampouco se desviará de ti. Sê misericordioso segundo as tuas posses. Se tiveres muito, dá abundantemente; se tiveres pouco, dá desse pouco de bom coração.

Assim acumularás uma boa recompensa para o dia da necessidade: porque a esmola livra do pecado e da morte, e preserva a alma de cair nas trevas.

A esmola será para todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante do Deus Altíssimo.

Guarda-te, meu filho, de toda a fornicação: fora de tua mulher, não te autorizes jamais um comércio criminoso. Nunca permitas que o orgulho domine o teu espírito ou tuas palavras, porque ele é a origem de todo o mal (…).

Busca sempre conselhos junto ao sábio. Bendize a Deus em todo o tempo, e pede-lhe que dirija os teus passos, de modo que os teus planos estejam sempre de acordo com a sua vontade.

(Tobias 4, 2-20)

O DINHEIRO EMPRESTADO

“Faço-te saber, meu filho, que quando eras ainda pequenino, emprestei a Gabael de Ragés uma soma de dez talentos de prata, cujo recibo tenho guardado comigo.

Procura um meio de ir até lá para receber o sobredito peso de prata, restituindo-lhe o recibo. Procura viver sem cuidados, meu filho. Levamos, é certo, uma vida pobre, mas se temermos a Deus, se evitarmos todo o pecado e vivermos honestamente, grande será a nossa riqueza”. (Texto completo em Tb 4)

A MATERIALIZAÇÃO DO ANJO RAFAEL, PARA OS DESÍGNIOS DE DEUS SE CUMPRIREM NA VIDA DE TOBIT, TOBIAS E SARA.

Talvez alguém pense que a manifestação dos Anjos de Deus para ajudar seus filhos seja coisa rara; seja somente para pessoas exclusivas, como Tobit, Sara, Tobias e outras pessoas citadas pela Sagrada Escritura ou citadas na história da Igreja, como Santo Antão, São Bento, São Domingos, São Francisco, os santos Apóstolos e Evangelistas, os santos Discípulos do Senhor e os santos Mártires.

É grande equívoco pensar que a manifestação, a materialização dos Anjos de Deus para nos ajudar, seja coisa rara, que seja privilégio somente para os grandes santos. A manifestação e a materialização dos Anjos de Deus em nosso favor são frequentes, muito frequentes, exageradamente frequentes; não vemos, porque é vontade de Deus que vivamos de fé, mais do que da visão dos Santos Anjos ao nosso lado nos ajudando.

Quem é mais frequente ao nosso lado, sem de nós nunca se afastar, porém não o vemos? É nosso Anjo da Guarda.

  • “O Anjo do Senhor acampa em redor dos que o temem, e os salva”. (Sl 33,8)
  • São Basílio diz que “Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida”.
  • São Pio de Pietrelcina diz que nosso Anjo da Guarda nos acompanha desde o momento em que somos gerados até o momento de nosso julgamento na hora da morte.

A FUNÇÃO DO ANJO DA GUARDA

Algumas pessoas pensam que o principal dever do seu Anjo da Guarda é livrá-las:

  • Dos grandes e pequenos perigos;
  • De pequenos acidentes e grandes tragédias;
  • De doenças e outros males;
  • Dos demônios;
  • Dos animais irracionais;
  • Da fúria da natureza.

É verdade que nosso Anjo da Guarda nos livra dessas coisas e muitas outras, mas sua principal função não é salvar nosso corpo físico e nos trazer de Deus bênçãos necessárias à vida material, apesar de ele fazer isso. A principal função de nosso anjo da Guarda é em relação à nossa alma: é levar nossa alma para Deus; é trabalhar na salvação de nossa alma.

SOBRE OS ANJOS, A IGREJA CATÓLICA, FUNDADA EM SÃO PEDRO POR JESUS CRISTO, DIZ NO CATECISMO:

§ 333. Da Encarnação à Ascensão, a vida do Verbo Encarnado é rodeada da adoração e serviço dos anjos. Quando Deus “introduziu no mundo o seu Primogénito, disse: Adorem-n’O todos os anjos de Deus” (Heb 1, 6).

O seu cântico de louvor, na altura do nascimento de Cristo, nunca deixou de se ouvir no louvor da Igreja: “Glória a Deus […]” (Lc 2, 14). Eles protegem a infância de Jesus (.Mt 1, 20; 2, 13.19.), servem-n’O no deserto (Mc 1, 13; Mt 4, 11.) e confortam-n’O na agonia (Lc 22, 43.) no momento em que por eles poderia ter sido salvo das mãos dos inimigos (Mt 26, 53) como outrora Israel (Mac 10, 29-30; 11, 8.).

São ainda os anjos que “evangelizam” (Lc 2, 10), anunciando a Boa-Nova da Encarnação (Lc 2, 8-14) e da Ressurreição (Mc 16, 5-7) de Cristo. E estarão presentes aquando da segunda vinda de Cristo, que anunciam (Act 1, 10-11), ao serviço do seu juízo (Mt 13, 41; 24, 31; Lc 12, 8-9).

§ 334. Daqui resulta que toda a vida da Igreja beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos (193).

§ 335. Na sua liturgia, a Igreja associa-se aos anjos para adorar a Deus três vezes santo; invoca a sua assistência (como na oração “In paradisum deducant te angeli – conduzam-te os anjos ao paraíso” da Liturgia dos Defuntos, ou ainda no “Hino querubínico” da Liturgia bizantina, e festeja de modo mais particular a memória de certos anjos (São Miguel, São Gabriel, São Rafael e os Anjos da Guarda).

§ 336. Desde o seu começo até à morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. “Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida”. Desde este mundo, a vida cristã participa, pela fé, na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus.

TOBIAS RESPONDEU A SEU PAI:

“Tudo o que me ordenaste, eu o farei, meu pai. Mas estou realmente sem saber como ir buscar esse dinheiro. Gabael não me conhece, e eu tampouco o conheço; que sinal lhe hei de dar? Não conheço nem mesmo o caminho por onde ir a essa terra.

Seu pai disse-lhe:

– Tenho comigo o seu recibo; bastará que lho mostres, para que ele te devolva imediatamente o dinheiro. Vai procurar um homem de confiança que te possa acompanhar, mediante uma retribuição. É preciso que recebas esse dinheiro enquanto ainda estou vivo.

Apenas saíra, Tobias encontrou um jovem de belo aspecto, equipado como para uma viagem. Sem saber que se tratava de um Anjo de Deus, ele o saudou e disse-lhe:

– De onde és tu, ó bom jovem?

– Sou israelita.

– Conheces porventura o caminho para a Média?

– Oh, muito! Tenho percorrido frequentemente esse caminho. Hospedei-me em casa de Gabael, nosso compatriota que habita em Ragés, na Média, cidade que está situada na montanha de Ecbátana.

– Rogo-te que esperes por mim, enquanto vou anunciar isto a meu pai.

Tendo Tobias entrado e contado o sucedido ao seu pai, este ficou muito admirado e pediu que fizesse entrar o jovem. Ele entrou e saudou a Tobit:

– A felicidade esteja contigo para sempre!

Ao que Tobit respondeu:

– Que felicidade posso eu ter ainda? Estou nas trevas, sem poder ver a luz do céu.

 O jovem replicou-lhe:

– Tem ânimo, porque é fácil a Deus curar-te!

Tobit disse-lhe:

– É verdade que poderás conduzir meu filho à casa de Gabael, em Ragés, na Média? Quando voltares, eu te retribuirei por isso.

O anjo disse-lhe:

– Eu o levarei até lá e to reconduzirei.

Tobit então perguntou-lhe:

– Rogo-te que me digas de que família e de que tribo és tu?

O anjo respondeu:

– Que é que procuras: a raça do servo, ou o próprio servo para acompanhar teu filho? Mas, para tranqüilizar-te: eu sou Azarias, filho do grande Ananias.

– És de família distinta. Rogo-te que não me queiras mal por ter querido conhecer tua origem.

O anjo então disse:

– Conduzirei o teu filho são e salvo, e to trarei de novo são e salvo.

Tobit respondeu:

– Boa viagem! Que Deus esteja em vosso caminho, e que o seu Anjo vos acompanhe.

Fizeram em seguida suas bagagens, Tobias despediu-se de seu pai e de sua mãe e os dois viajantes partiram. Depois que partiram, sua mãe pôs-se a chorar:

– Tiraste-nos o bordão de nossa velhice, e o apartaste de nós. Prouvera a Deus que nunca tivesse havido esse dinheiro pelo qual o enviaste. O pouco que temos nos bastava; a nossa riqueza era a vista de nosso filho.

Tobit respondeu-lhe:

– Não chores; nosso filho chegará são e salvo, e voltará também são e salvo para a nossa companhia; tu o verás com os teus olhos. Estou certo de que um bom anjo de Deus o acompanhará e disporá solicitamente tudo o que lhe diz respeito, de modo que ele tenha a alegria de voltar para nós.” 

(Tb 5,1-27)

UM PEIXE GRANDE TENTA DEVORAR TOBIAS

Tobias partiu, seguido de seu cão. (Tobias não era pai de pet, o cão era um cachorro, que lhe ajudava no campo). Deteve-se na primeira parada à beira do rio Tigre. Descendo ao rio para lavar os pés, eis que um enorme peixe se lançou sobre ele para devorá-lo. Aterrorizado, Tobias gritou, dizendo:

“Senhor, ele lança-se sobre mim.

O anjo disse-lhe:

– Pega-o pelas guelras e puxa-o para ti.

Tobias assim o fez. Arrastou o peixe para a terra, o qual se pôs a saltar aos seus pés.  O anjo então disse-lhe:

– Abre-o, e guarda o coração, o fel e o fígado, que servirão para remédios muito eficazes.

Ele assim o fez. A seguir ele assou uma parte da carne do peixe, que levaram consigo pelo caminho. Salgaram o resto, para que lhes bastasse até chegarem a Ragés, na Média.

Tobias interrogou o anjo:

– Azarias, meu irmão, peço-te que me digas qual é a virtude curativa dessas partes do peixe que me mandaste guardar.

O anjo respondeu-lhe:

– Se puseres um pedaço do coração sobre brasas, a sua fumaça expulsará toda espécie de mau espírito, tanto do homem como da mulher, e impedirá que ele volte de novo a eles. Quanto ao fel, pode-se fazer com ele um unguento para os olhos que têm uma belida, porque ele tem a propriedade de curar.

Tobias disse-lhe:

– Onde queres que pousemos?

– Há aqui, respondeu o anjo, um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filha. Todos os seus bens te devem pertencer: mas é preciso que a recebas por mulher. Pede-a, pois, ao seu pai, e ele ta dará por mulher.

Tobias replicou:

– Ouvi dizer que ela já teve sete maridos, e que todos morreram. Diz-se mesmo que foi um demônio que os matou, por isso eu temo que o mesmo venha a me acontecer, a mim que sou filho único, e desse modo faça descer lamentavelmente a velhice de meus pais à habitação dos mortos.

O anjo respondeu-lhe:

– Ouve-me, e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder: são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder.

Tu, porém, quando te casares e entrares na câmara nupcial, viverás com ela em castidade durante três dias, e não vos ocupareis de outra coisa senão de orar juntos. Na primeira noite, queimarás o fígado do peixe, e será posto em fuga o demônio.

Na segunda noite, serás admitido na sociedade dos santos patriarcas. Na terceira noite, receberás a bênção que vos dará filhos cheios de saúde. Passada esta terceira noite, aproximar-te-ás da jovem no temor ao Senhor, mais com o desejo de ter filhos que o ímpeto da paixão. Obterás assim para os teus filhos a bênção prometida à raça de Abraão”. 

(Tb 6,3-27)

O ANJO RAFAEL FAZENDO O DESÍGNIO DE DEUS ACONTECER NA VIDA DE TOBIAS E SARA

Ore antes de seguir a leitura, e peça a Deus:

Senhor!

Fazei-me crer e ver nesta leitura como Vós agis com cada um de vossos filhos para que vossos desígnios se realizem sobre nós.

Amém.

Tendo Tobias e o Anjo Rafael chegado à casa de Raguel, ele perguntou:

– De onde viestes, ó jovens?

– Somos da tribo de Neftali, dos deportados de Nínive.

– Conheceis porventura o meu primo Tobit?

– Sim

O anjo disse:

– Esse Tobit de que falas é o pai deste jovem.

Raguel lançou-se então ao pescoço de Tobias, beijou-o com lágrimas, e disse:

– Abençoado sejas, meu filho, porque és filho de um homem de bem!

Edna, sua mulher, e Sara, sua filha, tinham também os olhos cheios de lágrimas.

Depois que conversaram, Raguel convidou para jantarem. Tobias disse-lhe:

– Não comerei nem beberei aqui hoje, antes que me tenhas prometido conceder o que te vou pedir: dá-me Sara, tua filha, (por mulher).

Estas palavras encheram Raguel de espanto, pensando no que tinha acontecido aos sete maridos que se tinham aproximado dela, e começou a temer que tal desgraça se repetisse mais uma vez. E como ele hesitasse em dar uma resposta a Tobias, o Anjo disse-lhe:

– Não temas dar-lhe tua filha, porque é deste piedoso servo de Deus que ela deve ser mulher. Por isso, nenhum outro pôde tê-la.

Então Raguel disse:

– Não tenho mais dúvidas de que Deus admitiu em sua presença minhas lágrimas. Estou persuadido de que Ele vos fez vir à minha casa unicamente para que minha filha desposasse um seu parente, segundo a lei de Moisés. Não temas: eu te hei de dar.

Tomando a mão direita de sua filha, pô-la na de Tobias, dizendo:

– Que o Deus de Abraão, o Deus de lsaac, o Deus de Jacó esteja convosco; que ele vos una e derrame sobre vós a sua bênção.

Tomou em seguida o papel, e redigiram o ato do matrimônio. 

(Texto completo em Tb 7)

O ANJO RAFAEL PRENDE O DEMÔNIO

Depois do jantar, introduziram o jovem no aposento de Sara.

Tobias, fiel às indicações do Anjo, tirou do seu alforje uma parte do fígado e o pôs sobre brasas acesas. Nesse momento, o Anjo Rafael tomou o demônio e prendeu-o no deserto do Alto Egito.

TOBIAS ENCORAJOU A JOVEM COM ESTAS PALAVRAS:

– Levanta-te, Sara, e roguemos a Deus, hoje, amanhã e depois de amanhã. Estaremos unidos a Deus durante essas três noites. Depois da terceira noite consumaremos nossa união; porque somos filhos dos santos (patriarcas), e não nos devemos casar como os pagãos que não conhecem a Deus.

Levantaram-se, pois, ambos, e oraram juntos fervorosamente para que lhes fosse conservada a vida. Tobias disse:

– Senhor Deus de nossos pais, bendigam-vos os céus, a terra, o mar, as fontes e os rios, com todas as criaturas que neles existem. Vós fizestes Adão do limo da terra, e destes-lhe Eva por companheira.

Vós sabeis, ó Senhor, que não é para satisfazer a minha paixão que recebo a minha prima como esposa, mas unicamente com o desejo de suscitar uma posteridade, pela qual o vosso nome seja eternamente bendito.

Sara acrescentou:

– Tende piedade de nós, Senhor; tende piedade de nós, e fazei que cheguemos juntos a uma ditosa velhice!

Pela manhã, Raguel pediu a Tobias que ficasse com ele por duas semanas. O presenteou com a metade de seus bens, e redigiu um documento estipulando que a outra metade se tornaria também, depois de sua morte, propriedade de Tobias. 

(Texto completo em Tb 8)

POR CAUSA DO DESÍGNIO DE DEUS, O ANJO RAFAEL ATENDE AO PEDIDO HUMANO DE TOBIAS

Tobias chamou, então, a si o Anjo, que ele julgava ser um homem, e disse-lhe:

– Azarias, meu irmão, peço-te que me ouças. Ainda que eu me fizesse teu escravo, não seria isso uma retribuição digna por teus cuidados. Não obstante, vou pedir-te ainda que tomes contigo cavalos e servos e vás à casa de Gabael, em Ragés, na Média. Devolve-lhe o seu recibo e recebe o dinheiro. Convida-o também para o meu casamento.

Bem sabes que meu pai conta os dias; se eu tardar um dia mais, ele sofrerá com isso. Vês, por outro lado, como Raguel insistiu em que eu me demorasse aqui, e não lho posso recusar.

Rafael tomou então quatro servos de Raguel, e dois camelos, e partiu para Ragés, na Média. Encontrando Gabael, entregou-lhe o recibo e recebeu dele todo o dinheiro. Contou-lhe toda a aventura de Tobias e fê-lo vir consigo às núpcias. 

(Texto completo em Tb 9)

TOBIT E ANA SOFREM A DEMORA DA VOLTA DE SEU FILHO TOBIAS, SEM SABER QUE OS DESÍGNIOS DE DEUS ESTAVAM SE CUMPRINDO

O casamento de Tobias tinha retardado a sua volta.

Seu pai, muito inquieto, dizia:

– Por que será que meu filho tarda tanto? Por que se demora lá? Teria Gabael porventura falecido, de sorte que não haveria ninguém para restituir o dinheiro?

Ele entristeceu-se extremamente com isso, assim como Ana, sua mulher, e ambos se puseram a chorar, porque seu filho não voltava no tempo previsto. Sua mãe, principalmente, derramava lágrimas inesgotáveis, e dizia:

– Ai, ai, meu filho! Por que te mandamos lá? Tu que eras a luz de nossos olhos, o bordão de nossa velhice, a consolação de nossa vida e a esperança de nossa raça! Nós, que em ti só tínhamos tudo, não te deviamos ter deixado ir para longe de nós.

Tobit dizia-lhe:

– Cala-te, não te aflijas! Nosso filho está passando bem; aquele homem com quem nós o mandamos é um homem de confiança.

Mas ela continuava inconsolável: todos os dias ela saía para fora, olhava para todos os lados, e corria por todos os caminhos, por onde poderia voltar o filho, a fim de vê-lo ao longe, se fosse possível.

Raguel dizia ao seu genro:

– Fica aqui, mandarei notícias a Tobit, teu pai, a respeito de tua saúde.

– Sei que meu pai e minha mãe contam os dias e que se acham em grande tormento.

Então entregou-lhe Sara com a metade de seus bens em servos, servas, rebanhos, camelos, vacas, e em grande soma de dinheiro. Despediu-o cheio de saúde e alegria, dizendo-lhe:

– Que o santo Anjo do Senhor vos acompanhe pelo caminho, e vos conduza sãos e salvos. Faço votos de que encontreis tudo em ordem em casa de vossos pais, e que eu possa ver os vossos filhos antes de morrer! 

(Tb 10)

NO DÉCIMO PRIMEIRO DIA DE VIAGEM O ANJO DISSE:

– Tobias, meu irmão, tu sabes em que estado deixaste o teu pai. Se for do teu agrado, poderíamos tomar a dianteira, deixando a tua mulher, os servos e os rebanhos seguirem devagar pelo caminho.

Tendo Tobias concordado com esse parecer, Rafael disse-lhe:

– Leva contigo o fel do peixe, porque vais precisar dele.

Ana ia todos os dias assentar-se perto do caminho, no cimo de uma colina, de onde podia ver ao longe. Ela espreitava ali a volta de seu filho, quando o viu de longe que voltava e o reconheceu. Correu ao seu marido e disse-lhe:

– Eis que aí vem o teu filho!

Rafael tinha dito a Tobias:

– Logo que entrares em tua casa, adorarás o Senhor teu Deus e dar-lhe-ás graças. Irás em seguida beijar teu pai, e pôr-lhe-ás imediatamente nos olhos o fel do peixe que tens contigo. Sabe que seus olhos se abrirão instantaneamente e que teu pai verá a luz do céu. E, vendo-te, ficará cheio de alegria.

O pai cego levantou-se e pôs-se a correr, tropeçando. Dando então a mão a um criado, foi ao encontro de seu filho. Abraçou-o e beijou-o, fazendo o mesmo sua mulher, e ambos começaram a chorar de alegria. Só se assentaram depois de terem adorado e agradecido a Deus.

Tobias tomou o fel do peixe e pô-lo nos olhos de seu pai.

Depois de ter esperado cerca de meia hora, começou a sair-lhe dos olhos uma belida branca como a membrana de um ovo.

Tobias tomou-a e a arrancou dos olhos de seu pai, o qual recobrou instantaneamente a vista. Louvaram a Deus, ele, sua mulher e todos os que o conheciam.

– Bendigo-vos, Senhor Deus de Israel, dizia ele, porque depois de me terdes provado, me salvastes: eis que vejo o meu filho Tobias!

Sete dias depois, chegou também Sara, mulher de seu filho, com todos os seus servos, em boa saúde, com os rebanhos, os camelos, o grande dote da esposa, e mais o dinheiro recebido de Gabael.

Tobias contou a seus pais todos os benefícios que Deus lhe tinha feito por intermédio de seu guia. 

(Tb 11)

TOBIT CHAMOU SEU FILHO E DISSE-LHE:

– Que havemos nós de dar a esse santo homem que te acompanhou?

– Meu pai, respondeu ele, que gratificação lhe havemos de dar? Que presente poderá igualar os seus benefícios? Ele levou-me e trouxe-me em boa saúde; foi receber o dinheiro de Gabael; fez-me ter uma mulher e afugentou dela o demônio; encheu de alegria os seus pais; livrou-me de ser devorado pelo peixe, e fez-te rever a luz do céu; enfim, ele cumulou-nos de toda a sorte de benefícios. Que presente poderia igualar a tudo isso? Rogo-te, meu pai, que lhe peças se digne aceitar a metade de tudo o que trouxemos. (Tb 12,1-4)

O ANJO RAFAEL REVELA SUA IDENTIDADE

Chamaram-no, tomando-o à parte, rogaram-lhe que aceitasse a metade de tudo o que tinham trazido. Então ele falou-lhes discretamente:

– Bendizei o Deus do Céu, e dai-lhe glória diante de todo o ser vivente, porque ele usou de misericórdia para convosco. Se é bom conservar escondido o segredo do rei, é coisa louvável revelar e publicar as obras de Deus.

Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos, porque a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna;  aqueles, porém, que praticam a injustiça e o pecado são os seus próprios inimigos.

Vou descobrir-vos a verdade, sem nada vos ocultar.

Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepultá-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor.

Mas porque eras agradável ao Senhor, foi preciso que a tentação te provasse. Agora o Senhor enviou-me para curar-te e livrar do demônio Sara, mulher de teu filho. Eu sou o anjo Rafael, um dos sete que assistimos na presença do Senhor.

Ao ouvir estas palavras, eles ficaram fora de si, e, tremendo, prostraram-se com o rosto por terra. Mas o anjo disse-lhes:

– A paz seja convosco: não temais. Quando eu estava convosco, eu o estava por vontade de Deus: rendei-lhe graças, pois, com cânticos de louvor. Parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas o meu alimento é um manjar invisível, e minha bebida não pode ser vista pelos homens. É chegado o tempo de voltar para aquele que me enviou: vós, porém, bendizei a Deus e publicai todas as suas maravilhas.

Acabando de dizer estas palavras, desapareceu diante deles, e eles não viram mais nada. Durante três horas permaneceram prostrados por terra, bendizendo a Deus. Depois levantaram-se e publicaram todas essas maravilhas. 

(Tb 12)

DEUS PROVA, DEPOIS SALVA

Tobit, num transporte de alegria, escreveu esta prece:

– Sois grande, Senhor, na eternidade, vosso reino estende-se a todos os séculos. Porque vós provais e, em seguida, salvais. Conduzis a profundos abismos e deles tirais; e não há quem possa escapar à vossa mão.

Celebrai o Senhor, filhos de Israel. Louvai-o em presença das nações. Porque, se ele vos dispersou entre povos que o não conhecem, foi para que publiqueis as suas maravilhas e lhes façais reconhecer que não há outro Deus onipotente senão ele.

Castigou-nos por causa das nossas iniquidades, mas nos salvará por sua misericórdia. Considerai, agora, o que fez por nós, e bendizei-o com temor e tremor; por vosso comportamento, glorificai o rei dos séculos. 

(A oração completa está em Tb 13)

A PAZ DE QUE GOZOU FOI EM PROPORÇÃO AOS SEUS PROGRESSOS NO TEMOR A DEUS

Depois que recobrou a vista, Tobit viveu ainda quarenta e dois anos, viu os filhos de seus netos. Morreu com a idade de cento e dois anos, foi sepultado com muita honra em Nínive.

Aos cinquenta e seis anos tornou-se cego, e recobrou a vista aos sessenta. Todo o resto de sua vida se passou na alegria; e a paz de que gozou foi em proporção aos seus progressos no temor a Deus.

TOBIT ACREDITA NA PROFECIA DA DESTRUIÇÃO DE NÍNIVE E ALERTA TOBIAS

Quando veio a hora de sua morte, chamou à sua presença o seu filho Tobias, com os sete filhos deste, e disse-lhes:

– Está próxima a ruína de Nínive, porque a palavra de Deus não falha…

…Ouvi, pois, o vosso pai, meus filhos. Servi fielmente o Senhor e procurai fazer o que lhe é agradável. Recomendai aos vossos filhos que pratiquem a justiça, sejam caridosos e esmoleres, que se lembrem de Deus e o bendigam em todo o tempo, fielmente, e com todas as suas forças.

E agora, meus filhos, ouvi-me: não fiqueis aqui; mas, no dia em que tiverdes enterrado vossa mãe junto de mim no mesmo túmulo, ponde-vos logo a caminho para deixar estes lugares; porque eu vejo que a iniquidade desta cidade será a causa de sua queda.

Depois da morte de sua mãe, Tobias partiu de Nínive com sua mulher, seus filhos e seus netos… Morreu com alegria, tendo vivido noventa e nove anos no temor ao Senhor, e seus filhos sepultaram-no. 

(Texto completo em Tb 14)

Oremos!

Senhor Deus!

Tende piedade de mim.

Dai-me a graça de querer me inserir em Vossos desígnios de vida a meu respeito.

Dai-me a graça de, querendo, ser capaz, com Vossa ajuda, de executar Vossa vontade em minha vida.

Senhor!

Quero viver os Vossos desígnios e não os meus.

Vós sabeis todas as coisas, eu não sei.

Vós sois Deus de inteligência suprema, eu sou criatura de pequeníssima inteligência.

Vós jamais errais, Vós não podeis errar! Mas eu, criatura limitada e mortal, posso errar até quando quero acertar.

Tende piedade de mim, Senhor! Fazei que, pelo Vosso Santo Espírito, eu seja totalmente inserido em Vossos desígnios.

Amém.

. . .

Deus, que é bom, misericordioso e poderoso, abençoe-nos a todos.
J.V.

4 comentários sobre “OS DESÍGNIOS DE DEUS – PARTE 2

  1. Bendito seja Nosso Deus por tamanha graça. Que belíssima formação; ela nos leva a confiar plenamente em Deus e sabermos que os desígnios de Deus para nós são canais de salvação para nossa alma. Bendito seja Deus pelos nossos santos anjos. Amém

  2. Louvado seja Deus por me inserir nesta vocação santa, pela vida e missão do nosso fundador, louvado seja Deus por me alimentar com tão delicioso manjar que são estas formações em especial esta última. A cada formação tenho minha fé revigorada e um desejo de amar cada vez mais o meu senhor. Que nossa senhora interceda pelo senhor para que a cada dia o senhor o inspire mais revelando a sua vontade para a sua vida e para nossa vocação.

  3. Bendito seja Deus por alimentar nossas almas e nos fazer experimentar das alegrias celestiais aqui na terra. Bendito sejas pelo sim daquele que aceitou a missão de conduzir nossas almas pra Ti e que com muito amor o faz. Minha alma nesse momento transborda de felicidade e de desejo de estar mais próxima de Deus.

  4. Obrigado meu Deus quero ser mil vezes mais grato do que sou. Sinto uma grande alegria causada por vosso amor vocacional dende misericórdia de mim e de meus irmãos de-nos a perseverança na luta e não nos permita o desânimo mas aumente nossa fé e confiança na misericórdia de Deus e na intercessão de nossa senhora.

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